O técnico Rogério Ceni elogiou os jogadores do São Paulo depois do empate por 0 a 0 contra o Athletico-PR, diante de mais de 43 mil pessoas no Morumbi. Em contrapartida, desabafou sobre a situação da equipe no Campeonato Brasileiro e a realidade que encontra no dia a dia do CT da Barra Funda.

Na análise do treinador, o clube deve “entender a realidade”. O São Paulo, que soma mais de R$ 600 milhões de dívidas, ainda briga contra o rebaixamento. São cinco pontos de diferença para o Bahia, que tem 33 jogos contra 34 do Tricolor até aqui.

– São Paulo ganhou nove jogos em 34, não é de agora que o problema vem. Qual a sequência que o São Paulo teve? É um momento difícil, de dificuldade, acho que está na hora de todo mundo entender a realidade do clube. Vai ser um final de ano difícil, e serão, acredito eu, anos difíceis para o São Paulo, com qualquer profissional que esteja aqui, com qualquer diretoria que esteja aqui – afirmou Ceni.

– As dificuldades existem e têm que ser explicadas ao torcedor. Ele tem que ajudar, tem que ser paciente, vai ter que ajudar muito o São Paulo nesse momento. É um momento crítico da história do clube. Acreditem no que estou falando para vocês. Para quem viveu aqui 26 anos, voltando agora, pelos últimos 31 anos, é um momento crítico, difícil – desabafou o ídolo e atual treinador.

Diante deste contexto negativo, Ceni sentencia que a briga do São Paulo se encontra para evitar o maior vexame esportivo do clube: a queda para a segunda divisão. No sábado, contra o Sport, novamente no Morumbi, o time tem a chance de respirar na tabela.

– Pretensão é tirar o time o mais rápido possível da situação constrangedora de conviver tão próximo à zona de rebaixamento – decretou Ceni, que pede o apoio do torcedor.

– A presença de torcedor no sábado vai ser muito importante. Que ele continue incentivando. Ele empurrou hoje, e o time criou até o fim. A gente espera ter um pouco mais de sorte nas finalizações. Vamos fazer ajustes em vídeo para tentar ter time competitivo – comentou.

O São Paulo volta a trabalhar a partir das 16h (de Brasília) desta quinta-feira, no CT da Barra Funda.

Confira mais declarações de Rogério Ceni:

Erros de finalização
– Tivemos duas defesas do goleiro; em outra, o zagueiro tirou uma bola do Rigoni. Ele finalizou outra a 30 centímetros da trave. Criamos, dominamos o jogo, criamos todas as oportunidades de marcar. Todos fizeram o melhor, mas não conseguimos ter a felicidade de fazer o gol. Seja por falta de tranquilidade, ora por conclusão mais apertada…os mais variados fatores.

Mudança tática
 A atuação me agradou nos 90 minutos. O time dominou, teve todo o controle e oportunidades criadas. Joga conta o Athletico e eles não jogam nenhuma bola no gol. A saída do Reinaldo se deu pelo cartão, e a entrada do Benítez foi para jogar ele para o meio. Não posso por o Benitez no lado, ele não tem condições de acompanhar o lateral. O Léo entra na função de terceiro zagueiro, o Sara mais pelo lado, e jogamos com três homens de frente.

Lance do amarelo de Reinaldo
– Na hora, achei que foi bola dividida. Acho que vendo pela TV era possível interpretar com o cartão vermelho. Foi uma falta no limite do amarelo para o vermelho.

Desempenho
– Eu acredito muito nos jogadores. Falo que façam o melhor na melhor condição que eles têm. Eles me entregaram o melhor hoje. Sufocamos. O gol é algo que não controla. Mas o desempenho foi muito bom, jogamos melhor hoje do que contra o Palmeiras, mas contra o Palmeiras o resultado veio.

– Força, velocidade, jogador de 1 para 1, que receba bola aberta e parta para cima pra abrir espaço. Temos o Marquinhos, ótimo garoto, mas que não está pronto para a equipe profissional. Ele precisa ser trabalhado para ter mais cancha. Ele anulou a subida do Marcinho, mas no 1 para 1 ainda é jovem, falta experiência. Dentro de tudo o que temos, cada um deixou seu melhor. Fizemos um jogo constante, dominamos, mas não conseguimos fazer gol.

Torcida
– Torcedor não vem por confiança, vem por paixão. Pelo escudo, camisa, pela esperança de o time sair e uma situação difícil, que vem se arrastando há anos. Não é exclusivo desses oito jogos. Hoje, infelizmente, se tivesse vindo a vitória, estaria respirando aliviado. Precisamos do apoio dele; o torcedor veio aqui e apoiou, viu time aguerrido, que disputou, que esteve perto da vitória.

Benítez
– Duas linhas de quatro, dois homens de frente, não posso colocar o Benítez de volante. Não posso colocar ele de lado, vou matar de tanto correr, ele não consegue produzir. Dentro do sistema, tenho que aproveitar o que ele tem de melhor. Preciso de alguns jogadores que façam o corredor. O Sara ajuda muito, o Vitor Bueno é mais técnico.

– Benítez fez bom jogo, criou oportunidades, mas nem sempre o sistema favorece um jogador que é muito qualificado tecnicamente. Jogamos com dois volantes, dois homens de frente. Do lado fica difícil para o Benítez, fica difícil encaixa-lo. Só tenho elogios ao Benítez. (GE)