Uma rodada desafiadora para o Flamengo se manter em busca do título do Brasileirão: embora venha produzindo mais no ataque e se defendendo com maior rigor (e por isso seja favorito contra o Internacional, em Porto Alegre), a equipe carioca historicamente passa dificuldades quando visitante nesse confronto: de 2006 em diante, pela Série A, quando mandante, o Inter venceu nove partidas e só perdeu uma para o Fla. Se não vencer no Sul, é possível que as chances de o Flamengo ficar com o título caiam para 2,5% em caso de empate e 1,5% em caso de derrota, dependendo do que ocorrer na partida Atlético-MG x Juventude. A cada rodada, tudo muda, por isso, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão em cada colocação.

No quadro abaixo, a primeira linha apresenta a probabilidade percentual de cada time ser campeão. Isso variada a cada rodada, dependendo da combinação entre os resultados de cada time. A segunda linha mostra a chance de os times terminarem a competição na segunda posição e assim sucessivamente, até chegar nas últimas três linhas da tabela, que mostram o potencial de ficarem entre os quatro e os seis primeiros, conseguindo uma vaga na Libertadores 2022 de forma direta ou indireta (via fases eliminatórias), além da probabilidade de um time terminar o campeonato entre os 16 que prosseguirão na Série A no ano que vem. Quem chega a 100% na última linha, elimina o risco de rebaixamento.

 — Foto: Bruno Imaizumi/Espião Estatístico

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Favoritismos apresenta também o potencial que cada time carrega para a rodada #34 do Brasileirão comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e também nos últimos seis jogos independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira entre os gols por serem cobranças feitas diretamente para o gol. Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 82.079 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.367 jogos de Brasileirões desde 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual de cada equipe a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Atlético-MG

Tamanho foco no próximo jogo tornou o Atlético-MG candidato a estabelecer um novo recorde de vitórias consecutivas quando mandante em Brasileirões. Hoje está em ótima companhia, empatado com Internacional (1976) e Palmeiras (2018), com 13 vitórias seguidas. A linha preta do gráfico de xG mostra como está crescendo a produção ofensiva do Juventude, sem comprometer a resistência defensiva, mantida em um patamar estável. O recente sucesso ofensivo do Juventude é absolutamente baseado em jogo aéreo: nove dos últimos dez gols foram marcados assim e 16 dos últimos 17. A equipe mineira só sofreu dois dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas. O Atlético-MG é o melhor mandante (14 V, 1 E, 1 D, 90%), com melhor ataque (2,13) e melhor defesa (0,56) caseiras. O Juventude é o quinto pior visitante (2 V, 6 E, 7 D, 27%), oitavo ataque (1,0) e quarta pior defesa visitante (1,47), que vem confiante por não sofrer gol em quatro dos últimos cinco jogos, nenhum do nível do Atlético-MG. Mas é futebol.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Fortaleza

A goleada sofrida contra o Ceará (4 a 0) indica o tamanho da queda de rendimento do Fortaleza após ser eliminado pelo Atlético-MG nas semifinais da Copa do Brasil (1E, 4 D, 7%). É de se esperar que o Fortaleza entre em campo mais ligado. A equipe é a sétima mandante (8V, 4 E, 4 D, 58%); o Palmeiras, o terceiro melhor visitante (8 V, 2 E, 6 D, 54%), terceiros melhores ataque e defesa visitantes. Já foram marcados seis pênaltis contra ambos (quintas maiores marcas), Palmeiras teve quatro a favor, e o Fortaleza, cinco (sexta marca). Embora o Fortaleza seja o terceiro mandante que menos sofre finalizações (9,3), tem a terceira menor resistência a elas, um gol sofrido a cada 8,7. O Palmeiras é o sétimo visitante que mais finaliza (11,4), com a terceira maior eficiência, um gol a cada 9,1 tentativas. Fortaleza fez seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas o Palmeiras só sofreu um assim dos últimos dez.

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Grêmio

O Grêmio é a equipe que mais finaliza em contra-ataques (64), mas só tem quatro gols assim, quinta pior marca. A Chapecoense é a equipe que mais sofre contragolpes e já sofreu oito gols assim (segunda pior marca). De 2006 para cá, o Grêmio vem se impondo quando visita a Chapecoense com três vitórias contra uma da mandante. A chance estatística de o Grêmio permanecer na Série A é de 8%, mas para o torcedor ela é infinita. O Grêmio é o segundo pior visitante (3 V, 0 E, 13 D, 19%); a Chapecoense, a pior mandante (0 V, 6 E, 10 D, 13%). O Grêmio é o visitante menos eficiente no ataque, um gol a cada 18,8 tentativas. A Chapecoense tem a terceira pior eficiência mandante, um gol a cada 15,2. As resistências defensivas estão entre as piores, também, a Chapecoense leva um gol a cada 8,5 finalizações, segunda pior mandante, e o Grêmio a cada 7,7, a pior resistência visitante.

 

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Atlético-GO

 

O Atlético-GO é o terceiro pior mandante (4 V, 8 E, 3 D, 44%) e recebe o Ceará, o terceiro pior visitante (1 V, 9 E, 6 D, 25%). O Atlético-GO é o time que mais sofreu gols em contra-ataques (nove, quatro quando mandante), e o Ceará é o quinto que mais fez (seis, três quando visitante). São as duas equipes que mais carregaram adversários com cartões por matarem contra-ataques com faltas (37 para adversários do Ceará e 32 para do Atlético-GO). O Atlético-GO é o mandante que menos finaliza (10,9), mas tem a quarta pior eficiência, um gol a cada 14,8 tentativas. O Ceará faz a cada 12,8 finalizações (13ª marca). A resistência defensiva do Atlético-GO é sua força, um gol sofrido a cada 15,4 finalizações contrárias, quinta melhor marca.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Flamengo

 

O Flamengo precisa da vitória para se manter na luta pelo título e impedir que suas chances caiam para cerca de 2%. Ainda assim, de 2006 para cá, foram 14 jogos pela Séria A com mando do Internacional, que venceu nove e só perdeu uma, em 2015. Como mostra a linha vermelha do gráfico de xG, a defesa do Flamengo está em um de seus melhores momentos em relação a impedir a produtividade adversária. O Inter é o quinto melhor mandante (8 V, 5 E, 3 D, 60%), e o Flamengo, o segundo melhor visitante (7 V, 5 E, 3 DF, 58%). O Internacional vai precisar de atenção nos contra-ataques porque já sofreu seis gols assim, 11ª marca, e o Flamengo é o time que mais gols fez em contragolpes, nove, sendo cinco quando visitante.

 

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Corinthians

O Corinthians é o quinto mandante que menos finaliza (11,9), mas tem a quarta maior eficiência caseira, com um gol a cada 9,1 tentativas. O Santos é o oitavo visitante em finalizações (11,3), mas tem a terceira pior eficiência, um gol marcado a cada 15,1 tentativas. Em casa, o Corinthians é o 12º em finalizações sofridas (10,8), com a 12ª resistência, um gol sofrido a cada 10,2 finalizações contrárias. O Santos é o sexto visitante que menos sofre finalizações (12,5), mas com a segunda menor resistência a elas, um gol sofrido a cada 8,7 conclusões contrárias. O Corinthians tem a sétima campanha mandante (8 V, 4 E, 4 D, 58%); o Santos é o sexto pior visitante (2 V, 7 E, 7 D 27%). Jogo tem potencial para gol aéreo do Corinthians, que fez metade dos últimos dez gols pelo alto, e o Santos sofreu dessa forma sete dos últimos dez.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Fluminense

O Fluminense vai precisar de cuidados especiais porque vem de duas derrotas nos últimos três jogos e nas três partidas levou gol a partir de jogada aérea. Dos últimos dez gols que o Fluminense sofreu, em sete a bola viajou pelo alto, e o América-MG fez assim sete de seus últimos dez gols. O Fluminense fez seis com bolas altas, mas o América-MG só sofreu quatro dos últimos dez pelo alto. O Fluminense é o quinto melhor mandante (8 V, 5 E, 3 D, 60%), e o América-MG é o sétimo melhor visitante (4 V, 6 E, 6 D, 38%). O Fluminense é o segundo mandante que menos finaliza (11,4), mas tem a sétima eficiência, com um gol a cada 10,1 tentativas. O América-MG é o oitavo visitante em finalizações sofridas (12,9), mas tem a quarta menor resistência a elas, com um gol sofrido a cada 9,0 conclusões contrárias.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Bahia

Um jogo com potencial para gol a partir de jogada aérea: O Bahia fez sete dos últimos dez gols dessa forma, e de resto, tanto o Bahia sofreu quanto o Cuiabá marcou e levou seis dos últimos dez gols nesse tipo de jogada. O Bahia é o 14º mandante do Brasileirão (6 V, 4 E, 5 D, 49%), com o oitavo ataque mandante (média 1,33), mas com a quarta pior defesa caseira (1,20). O Cuiabá é o sétimo visitante (3 V, 9 E, 4 D, 38%), com o nono ataque forasteiro (0,94) e a terceira melhor defesa visitante (média 0,94). O Bahia é o nono mandante em finalizações (13,3), com a sexta eficiência, um gol a cada 10,0 tentativas. O Cuiabá é o segundo visitante que menos conclui (8,1), com a sexta eficiência visitante, um gol a cada 9,9 tentativas. O Bahia é o sexto mandante que mais sofre finalizações (11,1), com a quarta menor eficiência, um gol a cada 9,2 conclusões contrárias. O Cuiabá é o quarto visitante que mais sofre finalizações (15,1), mas tem a maior resistência forasteira, com um gol sofrido a cada 16,1 conclusões contrárias.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> São Paulo

A rodada só vai terminar na quarta-feira, quando o São Paulo recebe o Athletico-PR. A equipe paulista tem amplo domínio histórico nesse confronto quando mandante, com sete vitórias e só duas derrotas em 14 jogos pela Série A de 2006 em diante. Será o primeiro jogo da equipe paranaense após a final da Copa Sul-Americana, sábado, contra o Bragantino. O São Paulo é o quinto pior mandante do Brasileirão (5 V, 8 E, 3 D, 48%), e o Athletico-PR, o 12º visitante (5 V, 1 E, 10 D, 33%). O São Paulo é o quarto mandante que menos finaliza (11,4), e ainda tem a quinta pior eficiência, um gol a cada 14,1 tentativas. O Athletico-PR é o sexto visitante que menos conclui (9,6), mas tem a segunda maior eficiência forasteira, com um gol a cada 9,1 tentativas. O São Paulo é o segundo mandante que menos sofre finalizações (9,1) e tem a 11ª resistência, um gol sofrido a cada 10,4 conclusões contrárias. O Athletico-PR é o quinto visitante que menos finaliza (15,1) e tem a nona resistência, um gol sofrido a cada 11,5 tentativas.

Resultado

Favoritismos acertou 155 dos 316 jogos analisados, aproveitamento de 49%.

Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 82.079 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.367 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

Para esta edição do Brasileirão, o desempenho de um jogador passa a ser comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e passamos também a considerar o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

Favoritismos está apresentando também gráficos com a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, que é representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe. A linha amarela mostra a diferença entre as produções dos ataques do time analisado e de seus adversários.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Bruno Murito, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Leandro Silva, Mateus Pinheiro, Roberto Maleson e Valmir Storti. (Favoritismo/GE)