Num momento em que se discute em todo o planeta a sobrevivência de obras impressas, a Feira do Livro Mato-grossense demonstra que ainda existe a paixão pela literatura. O evento aconteceu no Sesc Arsenal, em Cuiabá, desde o dia 10 até o último domingo (14), recebendo centenas de pessoas diariamente.
E a jornalista e historiadora Neila Maria Barreto, da Academia Mato-Grossense de Letras, entende que a feira conseguiu oferecer a todos os convidados (editoras, livrarias, sebos e escritores independentes) condições de apresentar a sua produção escrita, declamar poemas e/ou partes das obras expostas.
“O evento envolveu a plateia e aos convidados, para exposição a experiência de fruição artística e o poder de divulgação ampliada dos trabalhos realizados em Mato Grosso”, argumentou Neila Barreto.
A própria escolha do Sesc Arsenal serviu de ponto de elogio por Neila Barreto, porque recebeu quem gosta de prestigiar a boa literatura. O Projeto Feira de Livros chegou à sua XXI edição e aconteceu nacionalmente, já que foi criado pelo Departamento Nacional do Sesc.
Em Mato Grosso, a programação do projeto as feiras de livros aconteceram anualmente, em cidades onde o Sesc possui Centros de Atividades.
Somente em Mato Grosso são mais de quinze anos, representando um importante acontecimento cultural. A coordenação do Sesc Arsenal ressalta que a intenção é difundir a literatura e fomentar propostas de trabalho para a formação de leitores.
Outra característica do Projeto é divulgar nomes de autores, ilustradores e obras literárias junto ao público que for prestigiar o evento. A coordenação do Arsenal destaca, ainda, que o trabalho é desenvolvido sempre em parcerias com editoras, livreiros, instituições culturais e educacionais e com os diversos seguimentos sociais envolvidos com a produção e a difusão da literatura.
A feira, no entanto, não ficou restrita apenas à divulgação de obras. Ela abrigou uma intensa programação, que incluiu mostra de artes, de cinema, teatro e dança, além de simpósio e oficinas.
Com início no dia 19, a Feira de Livros se estende até o dia 24 deste mês. O horário de funcionamento será de terça a sexta das 8 horas às 20 horas. No final de semana estará aberta das 15 às 21 horas.
Na abertura da Feira quem marco presença foi o renomado escritor mato-grossense mais premiado em todos os tempos, Ricardo Guilherme Dicke. Quase todas as premiações obtidas por Dicke aconteceram nacionalmente. A maior parte de seus livros foi contemplada com expressivos prêmios como Walmap Remington de Prosa Ficção Brasília e o inesquecível prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro Memórias do Esquecimento, premiado na categoria Melhor Romance.
Outro destaque na carreira de Dicke é o fato de sua obra estar substanciando algumas encenações teatrais pelo Brasil. Está sendo negociada, para este ano, a apresentação de uma adaptação para teatro de O salário dos poetas, em Portugal.
Recentemente foi produzido e veiculado, em todo o Brasil, através das TVs públicas, o documentário Cerimônias do Esquecimento, filme que resultou de projeto contemplado pelo DOC TV, uma iniciativa promovida através de parceria entre o Ministério da Cultura e a Fundação Padre Anchieta.
Começou a tramitar na Universidade Federal de Mato Grosso, há poucos dias, proposta de concessão de título de Doutor Honoris Causa, honraria que a instituição já concedeu a apenas duas personalidades, também escritores: Dom Pedro Casaldáliga e Manoel de Barros.