A frustração dos mais de 47 mil torcedores presentes no Morumbi na tarde ensolarada de domingo dá o tom do que está sendo a reta final do São Paulo no Campeonato Brasileiro. O clube nunca esteve tão próximo de jogar a Série B. A opinião é do jornalista Eduardo Rodrigues para o Globo Esporte. Confira:
E a goleada sofrida para o Flamengo, por 4 a 0, em casa, pela 32ª rodada, pode ser o início de dias ainda piores pelos lados da Barra Funda. A pressão já seria grande com uma derrota por si só, mas quando ela é por quatro gols de diferença o cenário ganha ares de melancolia.
Na última opinião publicada aqui no ge foi dito que os jogos contra Flamengo e Palmeiras seriam primordiais para a equipe se livrar da possibilidade de rebaixamento. Mas pelo primeiro desafio já foi possível ter um panorama do que estar por vir. A luta será difícil até o fim.
Rogério Ceni em São Paulo x Flamengo — Foto: Marcos Ribolli
Com a derrota, o São Paulo estacionou nos 38 pontos e vê a zona de rebaixamento cada vez mais próxima. A distância agora são de apenas dois pontos. Caso o time seja derrotado na próxima rodada, no clássico, e Juventude e Bahia vençam seus jogos, o Tricolor entra no Z-4.
Após o duelo contra o Palmeiras, o São Paulo terá mais cinco partidas a serem disputadas. A maioria delas, aliás, será contra adversários que também estão na parte de baixo da tabela (Grêmio, Sport e Juventude, que tem um jogo a menos).
Mesmo contra essas três equipes que estão na zona de rebaixamento é difícil acreditar que o Tricolor tenha vida fácil. O time comandado por Rogério Ceni não passa nenhuma confiança.
Veja os últimos 6 jogos:
- Palmeiras x São Paulo
- São Paulo x Athletico
- Grêmio x São Paulo
- São Paulo x Sport
- São Paulo x Juventude
- América-MG x São Paulo
David Luiz abraça Calleri após expulsão — Foto: Marcos Ribolli
O jogo de domingo, inclusive, diminuiu ainda mais a confiança em relação ao treinador são-paulino. Ceni apostou em algumas mudanças radicais no time, como a improvisação de Diego Costa na lateral direita e a troca de Luciano por Marquinhos.
Nenhuma delas deu certo, e em três minutos de jogo o São Paulo já perdia por 2 a 0. A situação já era complicada e só piorou com a expulsão de Calleri, aos 9 minutos. O que se viu depois disso foi uma equipe completamente nocauteada.
A torcida, que foi em peso ao Morumbi, ainda tentou apoiar mesmo quando o jogo já estava 3 a 0, mas nem isso mexeu com o brio dos atletas em campo. O conjunto do São Paulo se mostra desequilibrado dentro e fora de campo. Não tem mais emocional que sustente.
– É um time mais calado. Jovens calados. Mais velhos que não têm como características jogadores eloquentes. Time quieto. Estamos tentando desenvolver isso nos jogadores, que falem antes e durante a partida. Quanto mais cantado o jogo for, menos energia você gasta e mais bem posicionado está. É um time calado – analisou Rogério Ceni.
No ano já foram três técnicos que passaram pela equipe, e nenhum conseguiu dar um jeito no elenco, que tem sim suas qualidades. A exceção no período foi Hernán Crespo com a conquista do Paulistão. Depois disso, porém, só decepções.
O problema do São Paulo hoje não está na beira do gramado, mas sim na sua estrutura como um todo. O elenco montado é desequilibrado, e a diretoria parece viver em uma realidade paralela à que de fato está acontecendo.
Se muita coisa não mudar nas últimas seis rodadas, o Tricolor é um sério candidato a disputar a sua primeira Série B em toda a história. (Globo Esporte)