Uma mulher de 25 anos foi beijada à força dentro do Mineirão durante a partida entre Atlético-MG e Corinthians, na noite desta quarta-feira (10). Débora Cotta publicou um relato nas redes sociais sobre o assédio e o descaso dos seguranças do estádio.

Exatamente uma semana antes, a estudante Karinne Marques Guimarães, de 21 anos, também foi vítima de assédio sexual no Mineirão. Um homem passou a mão no corpo dela durante o jogo de Atlético-MG e Grêmio, no dia 3 de novembro.

Débora contou ao g1 que foi ao bar do estádio, no início do segundo tempo, para comprar uma cerveja. Ela se apoiou em uma mureta para esperar o estabelecimento esvaziar, quando um homem desconhecido, de aproximadamente 45 a 50 anos, aproximou-se dela, com dois copos de cerveja nas mãos.

“Ele falou algumas coisas que não lembro, porque eu estava conversando com uma menina que estava com a pressão baixa do meu lado, me agarrou, me pressionou bastante nele, de um jeito que eu não conseguia sair, e me deu um beijo na boca. Eu tentei sair, mas não consegui. Quando ele parou, eu fiquei sem entender. A minha reação foi falar: ‘Sai daqui’. Ele saiu andando e rindo”, disse.

Débora, então, seguiu o homem, derrubou a cerveja dele e o atingiu com chutes e socos.

– Eu pensei: ‘Não posso deixar por isso mesmo’. Ele apressou o passo, e eu comecei a gritar, dizendo que ele tinha me agarrado, mas ninguém fez nada. Teve um cara ainda que estava perto e falou que não era para tanto – contou a vítima.

Débora começou a chorar e foi ajudada por uma mulher, que a abraçou e a levou para um dos seguranças do estádio. A partir deste momento, a vítima precisou enfrentar outras dificuldades.

Quando ela contou o que tinha acontecido, o funcionário perguntou se havia testemunhas e perguntou onde o homem estava. Ele falou que, se Débora não soubesse onde o suspeito estava, nada poderia ser feito.

A mulher, então, voltou para a mureta onde estava, e outro funcionário apareceu e a encaminhou para a base de polícia no estádio. Os policiais conseguiram recuperar as imagens das câmeras de segurança e identificaram o suspeito, mas ele não foi encontrado. A vítima registrou um boletim de ocorrência.

Depois de tudo, Débora nem conseguiu dormir.

– Eu não consigo parar de pensar, me dá uma sensação horrível, de nojo, não sei se isso vai passar uma hora. Eu nunca vi o Galo ser campeão brasileiro, não ia perder a oportunidade de ver os jogos. Eu só queria pegar uma cerveja e assistir ao jogo – lamentou.

A vítima pensa em entrar na Justiça contra o Mineirão e espera que o suspeito seja localizado. Ela disse que, desde que postou o relato nas redes sociais, recebeu mensagens de várias mulheres que também já sofreram assédio dentro do estádio.

O que diz o Mineirão

Em nota, o Mineirão afirmou que “teve conhecimento, na manhã desta quinta-feira (11), do caso denunciado pela torcedora Débora Cotta no jogo entre Atlético e Corinthians”.

“O estádio já está apurando a denúncia junto à equipe de segurança contratada e entrando em contato com a torcedora para mais informações”, diz o texto.

“O Mineirão informa que vem aprimorando o treinamento de seus prestadores de serviço e tem trabalhado para o melhor acolhimento das torcedoras. É importante que denúncias como essa sejam feitas para que o estádio leve ao conhecimento das autoridades policiais”, declarou o Mineirão.

g1 entrou em contato com a Polícia Civil para informações sobre a investigação e aguarda retorno. (Globo Esporte)