Para entendermos minimamente o processo de venda na economia criativa sugiro que revisemos outras etapas conceituais. Os teóricos da nova economianão conseguem convergir para a unicidade conceitual em relação ao tema. Contudo, existe uma convergência percebida nas leituras quanto ao insumo da mesma, a criatividade (REIS, 2010).Os estudos apontam a criatividade como a mola propulsora da economia do novo milênio.

A economia tradicional está pautada em insumos sólidos advindos da terra, dos minérios ou indústrias e comércios em contraponto a economia criativa advém da criatividade. É evidente que a economia tradicional administra bens escassos, como insumos e produtos. É possível afirmar que estamos em um momento de ruptura e sem linearidade quanto ao contexto econômico e de riqueza.

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Assim, como a cultura a criatividade é possível a todos, desde que compreendamos que o termo cultura abrange valores, crenças, convicções, línguas, saberes e artes, tradições, instituições e modos de vida (PATRICE MEYERBISCH, 2014), para além da interpretação que para se ter cultura é necessário falar vários idiomas ou viajar vários continentes desconsiderando o conhecimento por exemplo do ribeirinho ou indígena.

Ao ponderar que todos nós temos cultura, e a criatividade parte da pessoa e sua individualidade, temos aí a oportunidade inclusiva do mercado e da economia. Pois, Economia criativa é o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico.

Mas, não é tão simples assim! Caso contrário, todos os segmentos da indústria criativa e os fazedores criativos, como empreendedores sociais e criativos, estariam bem financeiramente.Ainda não podemos fazer tal afirmação, e a justificativa perpassa na interpretação do próprio ciclo econômico e na relação do agente criativo com esse sistema, que por muitas vezes é percebido o desconhecimento de tal necessidade, ou quando existe o domínio da informação é percebido em alguns casos a rechaça ao sistema capitalista.

A Economia Criativa abrange os ciclos de criação, produção e distribuição e venda de bens e serviços que usam criatividade, cultura e capital intelectual como insumos primários (LUCIALDO, 2018). Portanto, não basta ter uma ideia criativa, é imprescindível se relacionar com as outras etapas do ciclo econômico, como o próprio produto criativo, sua distribuição e venda.

Por fim, fica a reflexão no sentido como se dá a relação do empreendedor criativo e/ou social parao além de criar? Para além da ideia criativa? Como acontece sua sustentabilidade financeira, se acontece? E como o empreendedor se relaciona com as etapas do ciclo no que tange produção, distribuição e venda de bens e serviços criativos?

No momento, existe uma lacuna a ser pesquisada ainda, mas já há evidência de que se o criativo entender a regra do jogo do sistema econômico e aprender a se relacionar com o mesmo, sem o capitalismo selvagem dos grupos hegemônicos e dominantes, talvez aí começa a existir uma possibilidade inclusiva de quem vive da indústria criativa e seus segmentos.

 

*ANA ELIZA LUCIALDO   é  jornalista, professora de graduação e pós-graduação, doutoranda e mestra em Estudos de Cultura Contemporânea (UFMT) com pesquisa em Economia Criativa, Políticas de Fomentos e Leis de Incentivo (UFMT), Mestra Internacional em Políticas Culturais pelo Universitat Girona (Barcelona), filiada e coordenadora de Cultura da BPW Cuiabá.

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