Se neste sábado as atenções estavam todas no Maracanã, há nove anos o palco da expectativa era a Arena Independência. Na tal “final antecipada” do Brasileirão 2012, o Atlético-MG (comandado pelo mesmo Cuca) conseguiu uma virada memorável sobre o Fluminense: 3 a 2. A torcida se empolgou, a distância para rival carioca caiu para seis pontos, mas, na reta final, a história sabe quem levantou a taça de campeão. A Análise é de Marcelo Cardoso para o Globo Esporte. Confira:
Filme parecido, mas com final diferente neste sábado. Na tal “final antecipada” contra a segunda melhor campanha da competição, desta vez foi o líder Galo quem sucumbiu. A distância para o Flamengo caiu de 13 para 10 pontos – potencial de chegar a 4, caso o time carioca vença os dois jogos a menos.
Mas, talvez por já ter sentido na pele a real importância de uma “final antecipada” em pontos corridos, a torcida do Galo não ficou lá muito nervosa com o resultado ao término do jogo.
“Vamos, Galo! Ganhar o Brasileiro!”, cantavam em polvorosa. Eles sabem. A vantagem ainda é larga, o campeonato segue na mão. Não há porque se desesperar.
– Às vezes você pensa. Se tivesse ganho tinha praticamente acabado o campeonato. É verdade! Não tinha acabado, mas tinha encaminhado muito. Mas quem sabe nesse encaminhamento você dava uma relaxada e não ganhava quarta, não ganhava domingo. Tudo serve como experiência, e então agora é mobilização maior ainda – Cuca.
O mesmo Cuca que filosofou sobre o real peso de uma derrota no confronto direto admitiu que foi surpreendido pelo Flamengo. “Soube jogar um jogo diferente do que ele normalmente joga”. De fato, se os uniformes estivessem invertidos, a lógica das estratégias faria mais sentido.
Tendo como principal característica o jogo reativo, o Galo foi quase obrigado a propor o jogo no Maracanã, sobretudo após o gol de Michael (falhas conjuntas de Guga e Nathan Silva).
E o olha que o time até criou. Teve boas chances, acertou o travessão com Guilherme Arana, mas não esteve em uma noite inspirada. No fim, saiu derrotado na tal “final antecipada” do Brasileirão 2021.
Derrotado, mas muito longe de estar acabado. Por experiência própria, o Galo sabe que mesmo uma decisão em campeonato de pontos corridos vale apenas três pontos. O cenário segue otimista, e a sequência de três jogos em casa anima ainda mais.
Que o torcedor siga na mesma sintonia, e que o time mantenha a solidez de toda uma temporada. Voltando a citar o ‘filósofo’ Cuca, “você só vai entender o real propósito das coisas ao final da estrada”. Que ela então traga a sabedoria e compressão em forma de uma taça com peso de 50 anos de espera.
P.S. Fora o jogo, vergonha
Em primeiro lugar, há de se fazer a mais básica das críticas, a nós enquanto sociedade. Por que é tão inseguro e temerário assistir a uma partida com uma camisa diferente da maioria? Por que é tão impossível conviver com o diferente em um estádio de futebol?
Feita a ressalva básica, passemos à crítica seguinte. Como entender que uma instituição de segurança, com o dever básico de guardar a população, possa conduzir um cidadão a uma situação desnecessária de risco, e ainda dizer-lhe para “se virar”?
Bem verdade, muitos atleticanos que vieram ao Rio estavam dispostos a correrem o (absurdo) risco de irem “à paisana” na torcida flamenguista. Mas tantos outros decidiram ir ao Maracanã apenas após terem a entrada liberada em um portão específico.
A proibição a uma permissão recém-dada, além de injusta e arbitrária, é completamente irresponsável. Felizmente, nada de mais grave aconteceu. (Marcelo Cardoso/Globo Esporte)