A Polícia Federal apreendeu, na manhã desta quinta-feira (28), diversos veículos de luxo e também uma lancha, durante o cumprimento das ordens judiciais referentes à ‘Operação Capincha’, deflagrada com objetivo de investigar atos de corrupção e lavagem de capitais, envolvendo o desvio de recursos públicos destinados à saúde. O ex-secretário da Pasta municipal, Célio Rodrigues, é um dos presos. A sede da Cervejaria Cuyabana também foi alvo de buscas.

Conforme as informações da Polícia Federal, carros de luxo foram apreendidos na cidade de Curitiba (PR). Eles estariam em nome de terceiros e não do empresário Paulo Roberto de Souza Jamur, que seria sócio de Célio e também participante do esquema.

Os agentes também estiveram no Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, onde apreenderam uma lancha de alto padrão. Ainda está sendo investigado pela Polícia Federal se ela é de propriedade do ex-secretário.

Ao todo, foram expedidos 13 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá/MT e Curitiba/PR, além da efetivação de três prisões preventivas (um está foragido) e de medidas de sequestro de bens, direitos e valores.


O delegado Charles Cabral, responsável pelo inquérito, pontuou que não foi possível precisar o valor dos bens sequestrados nesta data e que o montante apreendido ainda está sendo quantificado. Há uma grande quantidade de materiais físicos e digitais, que devem servir para futuras operações.

O ex-secretário de Saúde, Célio Rodrigues, é um dos presos. Ele já havia sido alvo de busca e apreensão na primeira fase da ação, quando eram investigadas fraudes a contratações emergenciais e recebimento de recursos públicos a título “indenizatório”, em ambos os casos sem licitação.


Em Curitiba, foi preso o empresário Paulo Roberto de Souza Jamur, que seria sócio de Célio. O outro alvo de Cuiabá segue foragido e ainda não teve a identidade revelada.

A sede da Cervejaria Cuyabana, localizada no bairro 23 de setembro, em Várzea Grande, é um dos alvos da ação de hoje. Imagens feitas na sede da empresa mostram cinco agentes entrando nas dependências.


Operação

Como se apurou na primeira fase da Operação Curare, um grupo empresarial, que fornece serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cuiabá e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém-transformadas para o ramo da saúde.

Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.

A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando a dissimulação dos eventuais beneficiários.