A incidência de raios em Mato Grosso em setembro deste ano teve um aumento de 160% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com os dados, em setembro de 2020 foram cerca de 1 milhão de raios no estado. Em setembro de 2021, esse número subiu para para 2,6 milhões.
Segundo os especialistas, o aumento não pode ser explicado pela atuação exclusiva do fenômeno La Niña, que está em andamento, já que o fenômeno é de baixa intensidade.
Raio no Centro de Cuiabá por Fablício Rodrigues — Foto: Fablício Rodrigues
Ele tende a causar um aumento na incidência de raios em Mato Grosso, mas o fenômeno sozinho não consegue explicar esse aumento significativo na incidência de raios em setembro de 2021.
“Nós ainda estamos buscando a causa, quais são os outros motivos que levaram a esse momento tão expressivo e sabemos que isso tem a ver também com as ondas de calor que tivemos no estado nesse mês de setembro. As temperaturas muito altas favorecem a ocorrência de tempestade e intensificam as tempestades também”, explica Osmar Pinto Júnior, coordenador do grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe.
Em Nova Santa Helena, no norte do estado, depois de uma forte chuva, o céu ficou no escuro por algumas horas.
O Brasil é o país com maior incidência dessas descargas elétricas do mundo, por ser o maior país da região tropical do planeta, a região mais quente e que, por isso, tem mais tempestades.
A concessionária de energia que atende Mato Grosso montou um centro de operações para monitorar chuvas e raios pelo estado. Mais de cem quedas de postes foram registradas no estado apenas no começo do mês de outubro.
Segundo o chefe de operações da Energisa, Thiago Martins, o impacto dessas condições climáticas intensas como vendavais pode lançar objetos sobre a rede elétrica, como outdoors, galhos de árvore, que provoca o desligamento da rede elétrica para proteger tanto a rede, quanto as pessoas em função do curto-circuito que pode ser provocado.
“As descargas atmosféricas também incidem sobre a rede elétrica. Isso acontece mais na zona rural, onde a rede fica muito exposta. Na área urbana há edifícios já preparados com sistemas de proteção de descargas atmosféricas, que fazem as a condução das descargas até o solo. Na zona rural, a rede elétrica acaba fazendo esse papel e recebendo as incidências das descargas atmosféricas”, explica.
Thiago acrescenta que, com isso, o sistema inteligente de proteção desliga a rede, no intuito de protegê-la.
Conforme o Inpe, outro fator que influencia é o desmatamento.
“[O desmatamento] modifica a estrutura do solo, a circulação do vento e intensifica as tempestades. Tempestades mais fortes causam mais raios”, diz.