Depois de viver verdadeira gangorra na Série B, o Vasco enfim flerta com a sonhada arrancada que pode levá-lo ao acesso. No último fim de semana, alcançou sua primeira série de três vitórias na competição e chegou a cinco partidas de invencibilidade. E o que explica a mudança repentina de um time que há pouco tempo chegou a ser tratado como carta fora do baralho do G-4?
O ge elencou cinco motivos. Confira abaixo:
Fernando Diniz
Também desacreditado após passagem pelo Santos com mais derrotas (12) do que vitórias (11), Fernando Diniz, na base do papo e de treinamentos que agradaram ao grupo, conseguiu rapidamente transformar um ambiente. Os jogadores estavam bastante desanimados após a ausência de resultados e desentendimentos com Lisca.
Logo nos dois primeiros jogos, Diniz deu maior organização e consistência ao time, que atuou melhor do que os adversários, mas sofreu empates nos acréscimos contra CRB, em Maceió, e Cruzeiro, no Rio – ambos por 1 a 1.
Nos três compromissos posteriores, só vitórias e apenas um gol sofrido. O aproveitamento do treinador é de 73,3%, superior aos de Marcelo Cabo (46,7%) e Lisca (60%) em seus cinco primeiros jogos à frente do Vasco na Série B 2021.
Outro feito inédito em relação aos dois antecessores foi a conquista de duas vitórias consecutivas como visitante na competição. Aliás, os triunfos sobre Brusque, em Santa Catarina, e Confiança, no Sergipe, representam metade das vitórias vascaínas longe de casa na Série B 2021.
Técnicos do Vasco em seus cinco primeiros jogos na Série B 2021
Treinador | Vitórias | Empates | Derrotas | Aproveitamento | Gols marcados | Gols sofridos |
Marcelo Cabo | 2 | 1 | 2 | 46,7% | 6 | 6 |
Lisca | 3 | 0 | 2 | 60% | 8 | 5 |
Fernando Diniz | 3 | 2 | 0 | 73,3% | 7 | 3 |
Nenê
Titular desde sua reestreia com a Cruz de Malta, no empate por 1 a 1 com o CRB, Nenê é o principal expoente do Vasco nesta tentativa de arrancar rumo à Série A. Mesmo aos 40 anos e contratado sob desconfiança devido ao momento ruim que vivia no Fluminense, tornou-se o maestro vascaíno.
Qualificou a bola parada, deu maior poder de ofensividade à equipe com constantes chegadas à área e foi decisivo com dois gols e duas assistências. Contra o Brusque, seu chute certeiro interrompeu a sequência de quatro jogos sem vitórias da equipe como visitante.
Sua chegada também foi preponderante para a retomada de Germán Cano, que amargava 10 jogos de jejum. O camisa 77, com bastante aproximação, evitou algo que vinha atrapalhando bastante o argentino: o isolamento em meio aos zagueiros rivais. No último domingo, o gol do gringo saiu após cruzamento do meia.
Defesa cresce
Embora Fernando Diniz tenha como credenciais o toque de bola e a busca incessante pelo gol, uma de suas contribuições para o Vasco nesse início foi a construção de uma defesa mais segura. O time sofreu apenas três gols em cinco jogos – números melhores do que os de Cabo e Lisca no mesmo recorte.
Demonstrativo importante dessa consistência também é o fato de o time não ter saído perdendo em nenhum dos cinco jogos com Diniz. A zaga composta por dois canhotos, tão questionada pelos “tradicionais”, vem funcionando bem com Leandro Castan e Ricardo Graça.
Os volantes Andrey e Bruno Gomes e os pontas também foram importantes na proteção aos zagueiros e laterais nesse início de trabalho do treinador.
Garotos crescem
Gabriel Pec e especialmente Riquelme são os dois garotos que mais merecem destaque com Fernando Diniz. É bem verdade que os também pratas da casa Andrey e Bruno Gomes fizeram bons jogos, porém os dois primeiros conseguiram vencer a desconfiança que os acompanhava recentemente.
Grande figura do Vasco no Carioca, Gabriel Pec caiu muito após a chegada de Lisca. Com Diniz, quebrou jejum de mais de cinco meses sem marcar, deu assistência no último domingo em Aracaju e, com perdão do trocadilho, definitivamente retomou a confiança.
O caso de Riquelme é ainda mais emblemático. Uma das promessas mais faladas da base vascaína, o garoto não conseguia se firmar num período em que o time mostrava grande carência na lateral esquerda. Zeca, titular do setor, começou o ano bem, mas posteriormente caiu muito. Quando Riquelme ganhava oportunidades, deixava a desejar defensivamente e no aspecto físico.
Com Diniz, cresceu e teve boas atuações contra Goiás e Confiança. Diante do Esmeraldino, chamou atenção não apenas pelo belo cruzamento para o gol de Morato, mas também devido à emoção demonstrada na comemoração e na entrevista posterior à vitória por 2 a 0.
Não tão mais garoto porém também prata da casa, Ricardo Graça, de 24 anos, voltou a praticar o bom futebol que o levou à seleção olímpica. Firme na defesa e com participação ofensiva importante em jogos contra CRB e Confiança, cresce em momento crucial.
Torcida que faz barulho
Parceira leal do Vasco sobretudo nos últimos – e conturbados – anos, a torcida mais uma vez deu colo ao time. No primeiro jogo do clube com público pós-pandemia, 309 pessoas assistiram ao empate por 1 a 1 com o Cruzeiro. Apesar do resultado frustrante e do público bastante reduzido, o reencontro entre vascaínos e a equipe já indicava a possibilidade de recuperação.
Nos dois últimos jogos, entretanto, aí sim os vascaínos proporcionaram belas festas. Em São Januário, nos 2 a 0 sobre o Goiás, 3.189 presentes agitaram o Caldeirão com a vitória consistente. Nenê foi para a galera cantar “Sou vascaíno, e o sentimento não pode parar”.
Já na rodada passada, mesmo sem poder vestir a camisa do Vasco no estádio, os torcedores deram um show de carinho ao time em Aracaju antes, durante e depois do triunfo por 2 a 1.
Tamanha paixão demonstrada fez o Vasco enviar um e-mail a associados sergipanos para agradecer tudo que viveram em Aracaju. (Globo Esporte)