A derrota em casa do Grêmio para um adversário direto na luta pela permanência da Série A em 2022 derrubou de 81% para 44% as chances de o Grêmio evitar o rebaixamento para a Série B. Já o Sport, vencedor desse confronto, há três rodadas, tinha 19,5%, de chances de permanecer na Série A. Essa probabilidade estatística caiu para 12,9% após a derrota em casa para o Fortaleza na rodada 22, mas com a vitória em Porto Alegre, voltou para 19,5% a possibilidade de o Sport seguir na Série A em 2022. O Bahia tem 60% de chances de continuar na elite em 2022, e o Juventude, 69,5%. As chances de o Santos evitar o rebaixamento são de 75%, e do Cuiabá, 81%. A cada rodada, os clubes vão decidindo o futuro para o ano que vem, e, por isso, apresentamos as chances estatísticas de cada equipe terminar o Brasileirão em cada posição. Nas projeções para os jogos da 24ª rodada, o Grêmio aparece como favorito diante do Cuiabá (veja mais abaixo).
No quadro abaixo, a primeira linha apresenta a probabilidade percentual de cada time ser campeão, e isso muda a cada rodada dependendo da combinação entre os resultados de cada time. A segunda linha mostra a chance de os times terminarem a competição na segunda posição e assim sucessivamente, até chegar nas últimas três linhas da tabela, que mostram o potencial de ficar entre os quatro e os seis primeiros, conseguindo uma vaga na Libertadores 2022, e a probabilidade de um time terminar o campeonato entre os 16 que prosseguirão na Série A no ano que vem. Quem chega a 100% na última linha, elimina o risco de rebaixamento. Atualmente, a Chapecoense tem 0,4% de chance de permanecer na Série A no ano que vem.
— Foto: Bruno Imaizumi/Espião Estatístico
Favoritismos apresenta também o potencial que cada time carrega para a rodada #24 do Brasileirão comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e também nos últimos seis jogos independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira entre os gols por serem cobranças feitas diretamente para o gol. Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 79.396 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.261 jogos de Brasileirões desde 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual de cada equipe.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Corinthians
Pelo Campeonato Brasileiro, com mando corintiano, o Bahia não vence desde 2003, primeira temporada com pontos corridos. Quando visitante, o Bahia ainda não venceu o Corinthians. Mesmo quando considerados os jogos desde 1971, o Bahia ganhou apenas dois de 20 jogos, e o Corinthians, 12 partidas quando mandante. É sempre muito difícil para o Bahia. Agora, o Corinthians é o 14º mandante (3 V, 4 E, 4 D, 39%), mas sua produtividade ofensiva está em alta, como mostra a linha preta do gráfico de xG. O Bahia é o 15º visitante (2 V, 3 E, 6 D, 27%), mas além de a produtividade ofensiva estar crescendo, a defesa mantém certa regularidade há algumas rodadas (linha vermelha do gráfico de xG). A defesa do Corinthians precisará de muita atenção ao seu espaço aéreo, porque o Corinthians sofreu a partir de bolas altas sete dos últimos dez gols, e o Bahia marcou assim seis e embora tenha sofrido sete dos últimos dez da mesma forma, o Corinthians só marcou três, mas é um problema também para a defesa baiana.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Ceará
É outro jogo com potencial para gol aéreo porque o Internacional fez sete dos últimos dez gols dessa forma, e o Ceará sofreu a metade assim, mas a produtividade do ataque do Inter vem caindo de forma acentuada (linha preta do gráfico de xG). O ataque cearense é mais rasteiro (seis dos últimos dez gols em trocas de passes), mesma marca dos sofridos pelo Inter. O Ceará é o segundo melhor mandante do Brasileirão (6 V, 4 E, 1 D, 67%), e o Internacional, o oitavo visitante (4 V, 5 E, 3 D, 47%). O Ceará precisará de atenção porque já teve cinco pênaltis marcados contra, segunda pior marca, e foram apitados seis a favor do Inter, maior marca.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Empate
Depois que seu ataque desencantou como visitante ao bater o Grêmio na rodada passada, o desafio agora é marcar em casa, onde a equipe tem feito um gol a cada 68 finalizações, uma ineficiência sem paralelo (a segunda maior ineficiência mandante é da Chapecoense, um gol a cada 20 tentativas). O Juventude sofre em média 13 finalizações por jogo fora de casa (13º desempenho visitante) e leva um gol a cada 11 tentativas (12ª marca). A equipe gaúcha é a quarta pior visitante (1 V, 6 E, 4 D, 27%), mas até aqui, o Sport é o segundo pior mandante (1 V, 4 E, 6 D, 21%). Há potencial para gol do Sport a partir de jogadas aéreas porque a equipe pernambucana fez metade de seus últimos dez gols assim, e o Juventude sofreu dessa forma sete dos últimos dez. É de se esperar por outras dificuldade para o Juventude: a equipe marcou nada menos que nove dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas o Sport só levou quatro dos últimos dez assim, e além disso, o Sport é a defesa mandante mais resistente a pressões, com um gol sofrido a cada 19,7 finalizações, embora seja a terceira mais pressionada, com média de 12,5 finalizações sofridas por jogo.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Atlético-MG
Os extremos se encontram no Brasileirão: a Chapecoense é a pior mandante (0 V, 3 E, 8 D, 9%), e o Atlético-MG, o melhor visitante (7 V, 3 E, 2 D, 67%). Em relação à produtividade, como mostram as linhas vermelhas dos gráficos de xG, atualmente a maior diferença está no sistema defensivo: nos últimos cinco jogos, em média a expectativa de gol dos adversários do Atlético-MG foi menor do que meio gol por jogo (0,48), e dos adversários da Chapecoense está em 1,64, mais que o triplo. A Chapecoense é a mandante que mais sofre finalizações, 14 por jogo, e quarta menos resistente, com um gol sofrido a cada 8,6 finalizações contrárias, o que é péssimo contra o sexto visitante que mais finaliza (12,9), mesmo tendo apenas a 12ª eficiência visitante, um gol a cada 11,9 tentativas.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Atlético-GO
Praticamente na mesma proporção que o ataque do Athletico-PR aumenta sua produtividade ofensiva (linha preta do gráfico de xG), acaba permitindo que os adversários aumentem as deles (linha vermelha). Isso tem potencial para virar um problema contra o Atlético-GO, que fez seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mesma influência aérea defensiva do Athletico-PR, que levou seis de dez. O Athletico-PR fez sete dos últimos dez a partir de bolas altas, mas a equipe goiana só sofreu três assim, mostrando que vem controlando bem seu espaço aéreo. O Atlético-GO tem o 14º desempenho mandante (2 V, 7 E, 2 D, 39%), e o Athletico-PR, o 15º visitante (3 V, 0 E, 8 D, 27%). Os desempenhos próximos escondem diferenças gritantes: o Athletico-PR é o quinto visitante mais preciso no ataque, com um gol a cada 8,7 tentativas, e o Atlético-GO é o quarto mandante mais ineficiente, com um gol a cada 16,9. Só que em casa os goianos formam a terceira defesa que menos sofre finalizações (8,9) e a sexta mais resistente a pressões, com um gol sofrido a cada 14 conclusões, enquanto os paranaenses têm a quinta defesa visitante mais pressionada (14,8 finalizações sofridas por partida), com a 13ª resistência, um gol a cada 10,9 conclusões.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Flamengo
Não é de hoje, mas o Flamengo cada vez mais é um caso para estudo. Como mostra a linha preta do gráfico de xG, a produtividade da equipe carioca vem despencando no segundo turno, mas a eficiência, não. Fora de casa, como nesta rodada, no primeiro turno o time fazia 15,3 finalizações por jogo e um gol a cada 6,7 finalizações. No segundo turno, quando visitante, está fazendo 10,0 finalizações por partida, mas um gol a cada 5,0. Quando mandante, fazia 17,3 finalizações por jogo e um gol a cada 10,4 tentativas, e no returno, a média de finalizações caiu para 10,5, mas está conseguindo um gol a cada 7,0 finalizações. Já o Bragantino não fica tão atrás, com um gol marcado a cada 8,0 finalizações em casa (segunda maior eficácia mandante) e 8,5 fora (quarta eficiência visitante). Nesta combinação de mando, a defesa é que faz a diferença: em casa, o Bragantino sofre um gol a cada 9,4 finalizações (14ª resistência mandante); fora, o Flamengo sofre um gol a cada 13,0 finalizações (oitava resistência visitante). O Bragantino é o 14º mandante (2 V, 7 E, 2 D, 39%); o Flamengo é o terceiro melhor visitante (5 V, 2 E, 2 D, 63%).
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Fluminense
É provável que o Fortaleza invista no jogo aéreo, já que fez oito dos últimos dez gols com bolas altas, seis deles quando visitante. O Fluminense sofreu após bolas altas seis dos últimos dez gols, mas só dois em casa, e vai precisar de muita atenção para defender seu espaço aéreo e a invencibilidade de sete jogos, todos sob o comando do técnico Marcão (4 V, 3 E, 71%). O jogo rasteiro do Fluminense é mais eficiente, com sete dos últimos dez gols marcados assim, e o Fortaleza sofreu seis por baixo. De todas as equipes do campeonato, o Fluminense é a que tem o maior percentual de finalizações certas: 44,7% das tentativas vão no gol. Fortaleza acerta 35,6%, nona marca. Só que o Fluminense é o terceiro mandante que menos finaliza (11,0), com a sétima eficiência, um gol marcado a cada 10,1 tentativas. O Fortaleza é o segundo visitante que mais finaliza (14,1), mas tem a quarta pior eficiência forasteira, com um gol a cada 13,0 tentativas. O Fluminense é o sétimo mandante do Brasileirão (5 V, 4 E, 2 D, 58%); o Fortaleza é o nono visitante (4 V, 3 E, 5 D, 42%).
*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Palmeiras
O América-MG é o 12º mandante do Brasileirão (4 V, 4 E, 4 D, 44%), e o Palmeiras é o quinto melhor visitante (5 V, 1 E, 4 D, 53%). A equipe mineira vai precisar de muita concentração para evitar os contra-ataques, já que é a quarta equipe que mais gols sofreu dessa forma (cinco, mas apenas um quando mandante), e o Palmeiras é o segundo time que mais gols fez em contragolpes (seis, três quando visitante). O América é o sexto mandante que mais finaliza (14,1), mas tem a terceira menor eficiência caseira, com um gol a cada 16,9 tentativas, porém é o oitavo mandante em finalizações sofridas (9,9), com a quarta maior resistência a elas, um gol sofrido a cada 14,9 conclusões contrárias, seu grande trunfo. No Palmeiras é equilíbrio que dita o sucesso: o sétimo visitante em finalizações (11,6), com um gol a cada 10,5 (nona eficiência). Defensivamente, é o décimo visitante em finalizações sofridas (12,4), com a sétima resistência, um gol sofrido a cada 13,8 conclusões.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Grêmio
As duas equipes fizeram seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas o Grêmio levou quatro, e o Cuiabá, cinco dos últimos dez gols dessa forma. Tem espaço para gol aéreo nesta partida, também. O Grêmio é o 14º mandante (3 V, 4 E, 4 D, 39%), e o Cuiabá, o sétimo visitante (3 V, 7 E, 1 D, 48%). Apesar de ter sofrido uma pequena queda nas últimas rodadas, a defesa gremista tem permitido uma produtividade menor aos adversários do que a do Cuiabá, como indicam as linhas vermelhas dos gráficos de xG. O Grêmio tem o quinto ataque mandante que mais finaliza (14,5), mas com a quinta pior eficiência, um gol a cada 15,9 tentativas. Terá um desafio gigante pela frente porque apesar de o Cuiabá ser a quarta defesa visitante que mais sofre finalizações (14,9), até aqui é a mais resistente a pressões, com um gol sofrido a cada 23,4 conclusões contrárias.
*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico
Favorito >> São Paulo
De 2006 para cá, quando teve o mando pela Série A, o São Paulo venceu dez vezes, e o Santos, apenas quatro, mas o Santos surpreendeu no segundo turno do Brasileirão 2020 ao vencer por 1 a 0. Agora, o São Paulo é o 11º mandante (3 V, 6 E, 2 D, 45%), e o Santos, o segundo pior visitante (1 V, 4 E, 6 D, 21%). Até aqui, a defesa santista vem sendo o maior, como indica a linha vermelha do gráfico de xG. Uma possível vantagem santista é que o time sofreu os últimos seis gols (e sete dos últimos dez) a partir de jogadas aéreas, mas o São Paulo só fez dois dos últimos dez usando bolas altas. O jogo são-paulino é mais eficiente com troca de passes, mas o Santos vem se defendendo relativamente bem de ataques rasteiros. O Santos fez sete dos últimos dez gols pelo alto, e o São Paulo sofre metade de seus gols dessa forma. Há potencial para gol aéreo santista, e a equipe são-paulina precisará de atenção redobrada com seu espaço aéreo.
Resultado
Favoritismos acertou 100 dos 218 jogos analisados, aproveitamento de 46%.
Metodologia
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 79.214 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.253 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.
Para esta edição do Brasileirão, o desempenho de um jogador passa a ser comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e passamos também a considerar o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.
Favoritismos está apresentando também gráficos com a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, que é representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe. A linha amarela mostra a diferença entre as produções dos ataques do time analisado e de seus adversários.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo período de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.