Nada dá certo para o Santos. O técnico Fábio Carille teve a primeira oportunidade de treinar o elenco durante uma semana inteira, testou novas formas de jogar, alinhou melhor o ataque, mas velhos problemas voltaram a assombrar o time. A derrota de 3 a 0 para o Juventude em um “confronto de seis pontos” levou o Alvinegro à beira do Z-4 do Brasileirão. E evidenciou o risco do primeiro rebaixamento da história do time.

No duelo em Caxias do Sul, o roteiro indicava uma retomada santista no Campeonato Brasileiro. A equipe controlou o rival, mesmo atuando fora de casa, e não sofreu sustos ao longo do primeiro tempo. Além disso, o ataque passou a ameaçar, algo que não havia ocorrido nas partidas anteriores com Fábio Carille. O time finalizou e levou perigo ao gol de Douglas Friedrich.

Porém, na primeira oportunidade do Juventude para ameaçar a meta de João Paulo, o gol saiu. A cabeçada de Ricardo Bueno, que ficou à frente de Wagner Leonardo para marcar, escancarou um antigo problema do Peixe na temporada. O Alvinegro sofre bastante com as bolas aéreas. Após três jogos com uma maior solidez, foi preciso uma bola, apenas, para tudo cair por terra.

No segundo tempo, enquanto buscava reagir, saiu o segundo gol rival, também em um lance de bola aérea e desatenção defensiva. Isso poucos minutos após Carille mudar o esquema tático, colocando Diego Tardelli e Gabriel Pirani. Com isso, tudo o que estava planejado pelo técnico santista sofreu uma reviravolta.

O Santos continuou agredindo o Juventude. Eram até seis jogadores entrando na área do time gaúcho para tentar marcar o gol. Mas a bola não entrou. Algumas finalizações foram para fora, outras pararam no goleiro adversário. E este é outro problema a ser trabalhado pelo comandante.

A bola não entrar aumenta a cobrança da torcida e a falta de confiança dos atletas. Já são quatro partidas sem balançar as redes. E quando o Alvinegro não consegue marcar, e ainda acaba sofrendo um gol, a questão psicológica interfere mais ainda.

Durante a entrevista coletiva após o jogo, Carille citou diversas vezes essa questão: a necessidade de trabalhar a questão psicológica do elenco, de falar menos e trabalhar, além de conseguir chegar ao gol para melhorar a confiança do time. Tudo que é agravado por uma sequência de dez jogos sem vitórias na temporada – oito delas no Campeonato Brasileiro.

Se a preocupação santista fosse apenas tática, seria mais simples de ser resolvida. Porém, a forma como o time sofreu os gols (e poderia ter sofrido outro no final da partida contra o Juventude) mostra que a questão vai além de jogar com três ou quatro jogadores na defesa, ou de entrar com dois ou três atletas. Quando o gol adversário sai, tudo parece desandar. E na frente, por mais que insista, o gol simplesmente não sai.

Vale lembrar que o Grêmio, hoje na zona de rebaixamento, está a dois pontos do Santos e com duas partidas a menos. O risco de entrar na zona de rebaixamento é cada vez maior. Além disso, a sequência que o Santos irá encarar pela frente não ajuda. O Alvinegro terá Fluminense e Grêmio, em casa, além de São Paulo e Atlético-MG, fora.

Se antes o Santos via a sequência de Cuiabá, Bahia, Ceará e Juventude como uma oportunidade de chegar à parte de cima da tabela, agora os rivais serão mais difíceis, em um momento mais crítico. O torcedor santista já viveu um drama, no primeiro semestre, durante o Campeonato Paulista. E as expectativas para a reta final do Brasileirão não são as melhores.

Carille, comissão técnica e a psicóloga do clube terão muito trabalho ainda até dezembro. (Globo Esporte)