O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou o caso de injúria racial sofrido pelo meia Celsinho, do Londrina, nesta sexta-feira, em audiência virtual. O Brusque e um conselheiro do clube responderam por um “ato discriminatório” contra o jogador da equipe paranaense e foram condenados.

A punição ao Quadricolor é a perda de três pontos na Série B do Brasileiro, além de multa de R$ 60 mil. Assim, a equipe do Vale do Itajaí, que estava com 29 na tabela, passa a ter 26. Já Júlio Antônio Petermann, presidente do Conselho Deliberativo, foi suspenso por 360 dias e multado em R$ 30 mil.

A decisão, proferida pela Quinta Comissão Disciplinar do STJD, foi em primeiro grau e cabe recurso.

Julgamento ocorreu nesta sexta-feira — Foto: Reprodução/STJD

Julgamento ocorreu nesta sexta-feira — Foto: Reprodução/STJD

– Por qual motivo vamos discriminar um atleta pela sua cor? Isso é inconcebível para mim. Temos que evoluir. O dirigente disse estar afastado, mas está falando do clube. O clube ainda soltou uma nota bizarra. Infelizmente, não tenho como tirar uma vírgula do voto do relator. Vamos acabar com isso, vamos acabar com gritos homofóbicos. Hoje isso é inaceitável e não cabe mais – disse o auditor Otacílio Araújo, presidente da Quinta Comissão.

A ofensa a Celsinho ocorreu no dia 28 de agosto, no confronto válido pela 21ª rodada da Segundona. O jogador afirmou que foi chamado de “macaco” por um membro do staff do Quadricolor. Na súmula, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá relatou que o meia ouviu a frase “vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha” ao final do primeiro tempo. Júlio Antônio Petermann foi identificado como o autor da ofensa.

O Brusque e o conselheiro foram enquadrados no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito.”

Após o acontecido, o Londrina divulgou um vídeo nas redes sociais em que é possível ouvir um grito de “macaco”. A postagem do Tubarão foi uma resposta ao clube catarinense que, em um primeiro momento, falou que Celsinho estava sendo “oportunista” ao denunciar o racismo.

Depois, o Brusque se desculpou e adotou duas medidas sobre o caso: afastamento do integrante do estafe acusado de racismo e instalação de câmeras para captar o áudio das arquibancadas. Por causa do episódio, perdeu um patrocinador.

Não foi a primeira vez que Celsinho sofreu com o racismo na Série B do Campeonato Brasileiro. O meia do Londrina também ouviu ofensas nas partidas contra o Goiás e o Remo, ambas no mês de julho.

— É muito desconfortante porque a única coisa que faço é ir para o estádio, jogar futebol, fazer o que mais amo, que é a minha profissão, e ter que encontrar criminosos que acabam cometendo esses crimes em um espaço que eu sempre fui feliz. E as pessoas ainda acharem que isso é normal, me rotularem como se eu fosse um aproveitador de toda essa situação — disse o jogador. (Globo Esporte)