O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) condenou a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps pelo crime de maus-tratos contra o aluno soldado Rodrigo Claro de 21 anos. Ledur deverá cumprir a pena de um ano de detenção que será iniciada em regime aberto. O julgamento terminou na noite desta quinta-feira (23).
Durante a sessão que iniciou às 13h, o advogado de acusação Julio Cesar Lopes da Silva ressaltou que Rodrigo teve sofrimento físico e mental intenso. De acordo com as testemunhas, durante o treinamento a tenente Ledur costumava dizer para Rodrigo Claro que ele era “frouxo e bichinha”. Diversas vezes, a vítima teria pedido para a oficial parar o treinamento porque ele queria desistir.
“Julgo parcialmente procedente o pedido da ação penal pública com fim de desclassificar o delito narrado na denúncia para o crime militar de maus-tratos e condenar a ré Izadora Ledur de Souza Dechamps, sujeito a pena preventiva de liberdade de um ano de detenção que será cumprida em regime inicialmente aberto”, afirmou o juiz Marcos Faleiros.
Devido ao crime de maus-tratos, Ledur não perderá o cargo na instituição nem a patente.
Entenda o caso
A tortura contra Rodrigo ocorreu durante um treino de instrução na Lagoa Trevisan, na Capital, em novembro de 2016.
O jovem fazia aula de instrução de salvamento quando passou mal. Rodrigo ficou em coma na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) de um hospital particular de Cuiabá e morreu cinco dias depois.
A Justiça investiga se houve abusos por parte dos instrutores do curso de formação. Segundo denúncia do Ministério Público Estadual (MP-MT) a tenente, que era a instrutora do curso, usou de meios abusivos de natureza física e de natureza mental.
A sessão de julgamento da bombeira havia sido marcada para o dia 27 de janeiro, contudo, o julgamento foi adiado pelo juiz Marcos Faleiros, atendendo a um pedido de Ledur.
Segundo a defesa, o MPMT levou 40 dias para elaborar as alegações finais e, portanto, Ledur teria direito ao mesmo tempo para produzir os argumentos finais.
Desde a morte do aluno, a oficial foi afastada dos trabalhos e apresentou vários atestados médicos alegando problemas psicológicos. No entanto, em 2019, Ledur retomou ao trabalho no setor administrativo da corporação.