Representantes brasileiros, Athletico e Bragantino iniciam a disputa das semifinais da Sul-Americana contra adversários uruguaio e paraguaio, respectivamente. O Massa Bruta recebe o Libertad-PAR nesta quarta-feira, às 19h15, no Nabizão, enquanto o Furacão visita o Peñarol-URU na quinta-feira, às 21h30, no estádio Campeon del Siglo.
Entre o longo prazo do Athletico e a gastança do Bragantino, os clubes brasileiros colocam projetos à prova por vaga na final da Sul-Americana.
O Athletico é uma associação civil sem fins lucrativos e dono de um projeto de longo prazo, que já está mais consolidado, com títulos inéditos recentes da própria Sula (2018) e da Copa do Brasil (2019). O Bragantino é uma empresa e se trata de plano recente com aporte financeiro de uma empresa internacional, mas que já se estabiliza no cenário nacional e começa a sonhar com voos mais altos.
Para Rodrigo Capelo, jornalista do ge e especializado em negócios do esporte, os clubes possuem modelos diferentes de gestão. Por outro lado, ele vê uma semelhança principal que impede, ao menos a médio prazo, de ser forte em receitas e esportivamente como Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Atlético-MG.
A final da Sul-Americana em jogo único está marcada para 20 de novembro, no estádio Centenário, em Montevidéu.
O Athletico “mudou a chave” a partir de 1995. Atual presidente, Mario Celso Petraglia é o rosto da revolução atleticana, que teve a estrutura como prioridade inicial: construção do ainda moderno CT do Caju e duas reformulações no estádio, que passou de Baixada para Arena da Baixada em 1999 e também em 2014 – essa última para a Copa do Mundo no Brasil.
Para isso, o clube também iniciou a política de vendas de atletas, como dos atacantes Oséas, Paulo Rink e Lucas, do volante Kleberson, pentacampeão mundial em 2002, e dos meio-campistas Jadson e Fernandinho. Dentro de campo, em 2001, conquistou o Campeonato Brasileiro, além de um vice em 2004 e outro vice no ano seguinte, mas da Libertadores.
Petraglia chegou a “abandonar o barco” durante 2008 e retornou eleito em 2012, um ano após a queda do clube para a Série B. O Furacão subiu, foi terceiro colocado na Série A e vice na Copa do Brasil em 2013 e voltou a ser figura constante em competições internacionais, como Libertadores (2014 e 2017) e Sul-Americana (2015).
A política de vendas de jovens jogadores seguia firme em toda janela. Os volantes Hernani e Otávio, além dos atacantes Marcelo Cirino e Douglas Coutinho, todos crias da base, foram vendidos entre 2014 e 2017.
E daí vieram os anos consecutivos de glória. Em 2018, o Athletico conquistou a Sul-Americana diante do Júnior Barranquilla e, na temporada seguinte, levantou a taça da Copa do Brasil contra o Inter.
As finanças também vão bem. Com as premiações e as vendas dos campeões Robson Bambu, Léo Pereira, Renan Lodi, Bruno Guimarães, Rony e Pablo, o Furacão atravessou a pandemia com poupança farta e “dívida zero” – o clube ainda discute judicialmente o pagamento da Arena.
Em 2021, o nome da vez foi o atacante Vitinho, artilheiro do clube com nove gols no ano. Após acertar com o Bordeaux, o clube francês desistiu do negócio, e o atacante fechou com o Dínamo de Kiev por 6 milhões de euros (R$ 36,8 milhões).
Athletico já tem um projeto consolidado e busca o bi da Sul-Americana — Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
Já o Bragantino está sob o comando da Red Bull desde abril de 2019. Ao assumir o time, a empresa austríaca passou a implantar a filosofia de gestão, de jogo e o perfil de contratações que lhe agradam.
Na gestão, o Bragantino funciona como um clube-empresa. O diretor executivo do clube, Thiago Scuro, destaca que o planejamento do clube é feito não apenas para curto prazo, mas estipulam metas para médio e longo prazos. Por exemplo, um objetivo do clube é estar em condições de brigar por títulos nacionais até o fim de 2022.
A filosofia adotada em campo é a mesma dos outros times da marca. O Bragantino preza por um jogo mais intenso, de velocidade, que busca ter a bola e controlar as ações. E é esse método que define o perfil das contratações.
O Massa Bruta contrata jovens atletas por entender que, por eles ainda estarem em formação, é possível implantar melhor neles esse estilo de jogo. Além disso, as promessas também teriam mais essa intensidade que o clube almeja.
Ao mesmo tempo, o Bragantino tem alguns jogadores mais velhos no elenco que são tidos como importantes para dar essa maturidade. Desde que assumiu o Bragantino, a Red Bull gastou quase R$ 150 milhões para contratar atletas de até 24 anos de grandes clubes do Brasil.
Na Copa Sul-Americana, o Bragantino foi amadurecendo ao longo da competição. Os próprios jogadores e o técnico Maurício Barbieri já destacaram isso, que eles foram entendendo a competição com o decorrer dela. Na primeira fase, o time chegou a correr o risco de não se classificar após sofrer algumas derrotas.
Bragantino está atrás do primeiro título da Sul-Americana — Foto: FotoBaires/AGIF
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O Athletico foi o líder do grupo D, com 15 pontos e 83,3% de aproveitamento. A equipe ficou à frente de Melgar (10), Aucas (seis) e Metropolitanos (quatro). Depois eliminou o América de Cali nas oitavas de final (1 a 0 e 4 a 1) e passou pela LDU nas quartas de final (0 a 1 e 4 a 2). No geral, o Furacão tem oito vitórias e duas derrotas, com 17 gols marcados e quatro sofridos.
O Bragantino se classificou no grupo G, com 12 pontos e 66,7% de aproveitamento. O time paulista deixou para trás o Emelec (10), Talleres (oito) e Tolima (três). No mata-mata, passou por Independiente Del Valle (2 a 0 e 1 a 1) nas oitavas e Rosário Central (4 a 3 e 1 a 0) nas quartas. No total, a Massa Bruta somou sete vitórias, um empate e duas derrotas, com 15 gols marcados e 10 sofridos. (Globo Esporte)