O consumo das famílias nos supermercados caiu 1,15%. O recuo foi observado na comparação entre os meses de julho de 2020 e 2021, do Índice Nacional de Consumo das Famílias nos Lares Brasileiros. Pelo indicador, divulgado na última semana pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), esta é a segunda queda consecutiva registrada em 2021.
No mês de junho, o consumo nos lares brasileiros já havia registrado um recuo de 0,68%, o primeiro do ano, quando comparado ao mesmo período de 2020.
As quedas consecutivas indicam que um conjunto de fatores como inflação, crise política e desemprego tem feito as famílias brasileiras diminuírem o tamanho das compras dentro dos supermercados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as despesas com alimentação sofreram alta de 0,60% no mês de julho. O peso maior veio da alimentação no domicílio, que passou teve alta de 0,78%, resultado do aumento de itens como o tomate (18,65%), frango em pedaços (4,28%), leite longa vida (3,71%) e carnes (0,77%).
O gosto amargo dos alimentos também ficou evidenciado nas gôndolas dos supermercados, conforme o indicador de custo da cesta dos 35 produtos mais vendidos pelas lojas do setor. O grupo manteve tendência de alta e fechou o mês de julho em R$ 668,55, acréscimo de 0,96% em relação a junho. O resultado, se comparado com julho do ano passado, mostra uma inflação de 23,14% nos itens dessa cesta.
“O movimento de preços não está acontecendo somente no Brasil, mas no mundo. Nos últimos 12 meses, identificamos aumento em função da exportação de alguns produtos com maior procura, e em função do câmbio que foi bastante favorável’, observa Marcio Milan, vice-presidente institucional da Abras.
O índice, denominado Abrasmercado, difere-se ao conjunto da cesta básica, que é composta apenas por alimentos. A lista dos 35 produtos mais consumidos nesses estabelecimentos conta também com itens como cerveja, refrigerante e produtos de higiene.
ITENS MAIS CAROS – No carrinho do supermercado, os produtos com maiores altas nos preços no período de janeiro a julho deste ano são açúcar, ovo, carne (cortes do dianteiro), café, frango congelado, carne (cortes do traseiro), leite longa vida e feijão. No mesmo período, o preço do arroz, pernil e óleo de soja tiveram queda.
A carestia, analisada no decorrer de 12 meses até julho, fica ainda mais assustadora. O óleo de soja disparou com 87,3% de alta, seguido pela carne dianteiro (40,6%), arroz (39,8%), carne traseiro (32,9%), pernil (24,8%), frango congelado (30,8%), açúcar (32,6%), café (17,8%), ovo (12,4%), leite longa vida (10,9%) e feijão (5%).
Uma forma de manter o consumo de alimentos básicos em meio à perda do poder aquisitivo é deixar de lado o “apego” que tem por alguma marca e não abra mão da pesquisa de preços.
“Vimos que o número de marcas de qualidade cresceu e que os valores são muito variados. Temos cerca de nove a doze marcas de arroz e feijão no mercado, por exemplo, muitas vezes em uma mesma loja”, sugere o diretor.
FATURAMENTO EM ALTA – Apesar da queda na comparação entre os meses de julho de 2020 e 2021, o resultado acumulado dos supermercados segue positivo. De janeiro a julho, as lojas do setor registraram alta de 3,24% no faturamento.
Para a associação que representa o setor, o crescimento de junho para julho se deve a um conjunto de fatores, como o pagamento de R$ 5,5 bilhões da quarta parcela do Auxílio Emergencial, que beneficiou 26,7 milhões de famílias. A distribuição de R$ 1,23 bilhão pelo Bolsa Família para as famílias não elegíveis a receber o Auxílio Emergencial também ajudou a impulsionar o índice.
Outro ponto que indica que o setor vive um bom momento está na geração de emprego. Segundo a entidade, o início das atividades de algumas unidades criou 50.977 postos de trabalho em julho.
“O crescimento sólido e constante do setor também contribuiu para o aumento do índice. Em julho, foram inauguradas 21 novas lojas, 42 foram reinauguradas e 13 passaram por algum tipo de transformação para o melhor atendimento do consumidor”, aponta o diretor.