Após mais de três meses de terrível seca, calor sufocante e baixa umidade do ar, fomos agraciados com a tão esperada chuva pela madrugada! Ainda não foi aquela chuva barulhenta, com ventos derrubando árvores, destelhando casas antigas, entupindo “bocas de lobo”, interrompendo o trânsito, tão comum nesta época do ano!
Os passarinhos acordaram “cantando” mais alto numa alegria sem fim, as folhas mais verdes nas árvores, a população respirando melhor e em casa o ar refrigerado desligado.
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Chamo essa chuva, de chuva da manga, outros de chuva do caju, o certo, porém, é que em breve teremos essas frutas e um verde mais verde nas árvores. As mangueiras, a partir da primeira chuva começam a ficar amareladas, com o amadurecimento dos seus frutos esperando a segunda chuva para forrar os seus pés da deliciosa fruta.
Temos vários tipos de manga, e aprecio todas, confesso, no entanto, que a minha predileta é a Burbom. Aprecio também a manga Rosa, Espada e a Comum.
Os pés de caju, com as chuvas, ficam arqueados chegando a encostar seus galhos férteis no solo, para a alegria dos artesãs que transformam o caju em potes de caju em caldas, caju seco, rapadura de caju, suco de caju ou simplesmente saborear a fruta retirando-a do galho.
A chuva é gostosa sempre, porém, romântica quando em casa de adobo e telhado de telha de barro, sem forro, pois propicia o maravilhoso respingo o com seu toque na pele, especialmente no quarto enquanto dormimos, contato esse que tão bem nos faz a alma! Tive na minha infância a felicidade de ser “borrifado” pelas chuvas, privilégio extinto com a minha ida ao Rio para estudar.
Quando voltei, a minha casinha tinha forro, e depois sucumbi em quartos de cobertura de concreto onde não se ouvia nem o cair da chuva, muito menos o seu borrifo.
Não sei como os meus bisnetos reagiriam a um borrifamento nos seus corpos, das chuvas da manga. É a evolução ao mundo moderno, onde nos é negado a maioria dos prazeres da natureza!
Vamos aguardar outras chuvas como essa da madrugada de hoje, com seus incríveis benefícios para o meio ambiente e nossa sensibilidade!
*GABRIEL NOVIS NEVES é medico e professor aposentado em Cuiabá. Reitor e fundador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Foi secretário de Estado de Educação e de Saúde. Titular do blogue BAR DO BUGRE.
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