A Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou nesta quarta-feira série de documentos para esmiuçar a ação do órgão no último domingo, na Neo Química Arena. Após idas e vindas de documentos e checagem de informações sobre os quatro jogadores argentinos, a partida entre Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias, foi suspensa antes dos seis minutos de jogo.
O relatório complementar, assinado pelo servidor Yunes Eiras Baptista, relata tentativa de “obstrução”, “pressão” e “constrangimento” sofrida pelos agentes da Avnisa e da Polícia Federal e ainda conta que o presidente em exercício da CBF tentou intermediar contato com o ministro da Casa Civil do governo federal.
Linha do tempo apresentada pela Anvisa — Foto: Divulgação
“Por volta das 16:45 – Fui abordado pelo Sr. Ednaldo Rodrigues – Presidente da CBF informando que estava em contato com a Casa Civil e se eu poderia falar com o Sr. Ministro Ciro Nogueira, neguei o contato e informei que se dirigisse à diretoria da ANVISA a qual me encontrava subordinado visto que se tratava de ação sanitária e legal. Vários outros que se identificaram como dirigentes de alguma instituição perguntaram se seria possível negociação bem como outros tentaram conversas mais discretas como Sr. Sergio Ribas (Vice-presidente da Comissão de Governança e Transferência da CONMEBOL) que solicitou se poderia fornecer o telefone para contato de algum diretor da ANVISA ao qual estaria subordinado. Durante todo este tempo fiquei em pé no corredor de acesso ao vestiário da Argentina e cercado por seguranças, dirigentes e comissão técnica, sendo minha proteção os policiais da PF e dois policiais militares do Estado de SP.”
Em nota, a CBF negou que tenha havido qualquer tentativa ou contato do tipo relatado pelo servidor da Anvisa. Confira o texto abaixo:
“O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, nega com veemência que tenha feito qualquer contato com servidores da Anvisa nos termos relatados pelo Relatório Complementar de Evento sobre o jogo entre Brasil e Argentina. Tampouco autorizou qualquer pessoa a falar em seu nome.
O presidente da CBF não falou sobre esse ou qualquer outro assunto com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, sequer tem seu contato telefônico. A versão é fantasiosa.”
Bebidas e lanches
O servidor que adentrou ao gramado também relatou espera no camarote do estádio do Corinthians e outras situações. Por exemplo, contou que foram “cercados pela segurança do evento e se iniciou entrega de lanches e bebidas (não aceitos pelo fiscal da ANVISA).” Ele descreveu a cena da seguinte maneira:
“Uma rápida reflexão do momento baseada no fato de ter sido informado pela chefia do posto que os organizados e o selecionado já se encontravam cientes (relatório da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em anexo a cada notificação e a presença da PF no hotel da seleção Argentina), em conjunto com o fato que desde nossa chegada na arena foi claramente exposto o propósito e motivos da ação da ANVISA, bem a falta de contato e ou direcionamento para um nível decisório de alguma das entidades presentes (CBF, CONMEBOL E AFA), até o momento só seguranças e pessoal de apoio operacional (que entravam e saíam de forma rápida e falavam de forma frenética nos rádios), me sinalizavam uma possível situação de obstrução e ou protelação.”
“O fato de não ter sido direcionado a um interlocutor com poder decisório (dirigentes e ou organizadores da instituição) em uma área específica (mais privada), sendo direcionado para uma área de exposição pública (camarote), em meu juízo indicava tentativa de constrangimento. Em conversa com os respectivos delegados sobre minha percepção de possível constrangimento e obstrução para cumprimento da ação por parte da organização do evento, questionei quanto ao limite do apoio da PF.” (Globo Esporte)