A Conmebol, a AFA e a CBF foram informadas na véspera do jogo entre Brasil e Argentina de que quatro jogadores argentinos estavam no Brasil em situação irregular. O ge teve acesso a um relatório elaborado pela Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, que na noite de sexta-feira foi acionada pela Anvisa para tratar do caso. O Blog do Octavio Guedes, do G1, publicou inicialmente o conteúdo do documento.

Duas reuniões foram realizadas no sábado: uma às 10h e outra às 17h. Na primeira, foram conferidos os passaportes dos jogadores argentinos – o goleiro Martínez, o zagueiro Romero e os meias Buendía e Lo Celso – que atuam no futebol inglês, e ali se confirmou que eles haviam estado na Inglaterra (onde moram) nos 14 dias anteriores. As autoridades brasileiras então orientaram que eles não participassem do treino, previsto para aquela noite, às 18h30.

Mais tarde, às 17h, houve outra reunião, da qual participaram Anvisa, Ministério da Saúde, Vigilância Epidemiológica de São Paulo, CBF, Conmebol e AFA. Diz um trecho do documento de quatro páginas:

– Assim, a CONMEBOL e a delegação da Argentina foram orientadas a seguir as recomendações da Portaria 655, para formalizar o pedido de excepcionalidade com a máxima urgência, para que a análise da documentação fosse viável antes da realização do jogo.

Segundo o ge apurou, tal sugestão foi, sim, acatada pela AFA. Documentos pedindo a “excepcionalidade” para os quatro jogadores foram enviados para a Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, que é o órgão responsável por analisar esses pedidos.

Os documentos contêm a informação de que os jogadores passaram pela Inglaterra nos 14 dias anteriores à chegada ao Brasil e informa ainda que todos eles estão vacinados e fizeram testes PCR com resultado negativo.

A Anvisa afirma que nunca recebeu esses pedidos. A Casa Civil respondeu à reportagem que “pode ter havido consultas feitas durante o feriado”, mas assegurou que “nunca houve respostas que pudessem estar em dissonância com as determinações sanitárias da Anvisa” (leia abaixo a íntegra da resposta).

O relatório da Vigilância Epidemiológica de São Paulo também deixa claro que não foram os quatro jogadores argentinos que preencheram os formulários de entrada no país. Quem o fez foi o Fernando Ariel Batista, funcionário da AFA.

O formulário, online, deve ser preenchido antes do check-in nos voos. Mas é possível concluir o preenchimento sem informar o histórico de viagens. O único campo obrigatório é “último país de procedência”. Depois disso, há campos para “histórico de viagem”, mas o sistema permite que se conclua o preenchimento sem completar esses campos.

Leia a nota da Casa Civil:

“Pode ter havido consultas feitas durante o feriado, período em que os servidores e a equipe da Casa Civil encontram—se em feriado prolongado em virtude do 7 de setembro. Mas nunca houve nenhuma resposta ou manifestação de resposta, inclusive por esse motivo, que ultrapassassem as atribuições dos órgãos sanitários de regulação, que são independentes. O que importa não são textos de solicitação porventura enviados. O que importa, para todos os efeitos práticos, são as respostas. E nunca houve respostas da Casa Civil da Presidência da República que pudessem estar em dissonância com as determinações sanitárias da Anvisa.” (Globo Esporte)