Tarsila Aguiar do Amaral, conhecida internacionalmente apenas por Tarsila do Amaral, nasceu há 135 anos, em 01º de setembro, em Capivari/SP. Desenvolveu a sua carreira de pintora, desenhista e tradutora, sendo considerada uma das principais artistas modernistas da América Latina.

 

Juntamente com Anita Malfati, Menotti Del Picchia, Mario de Andrade e Oswald de Andrade, fez parte do Grupo dos Cinco, que movimentaram o país com a maior influência da arte moderna.

A artista também foi a responsável pelo movimento Antropofagia, que deu origem a um dos seus trabalhos mais conhecidos, denominado ‘Abaporu’ (1928), que na linguagem indígena significa “homem que come carne humana”.

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Inclusive essa fase na carreira mostra a sua crítica ferrenha aos movimentos internacionais respeitados em detrimento dos valores brasileiros.

Quem nunca parou para prestar a atenção no desenho de uma pessoa com pernas e corpo longo, e cabeça minúscula?

 

A arte de Tarsila era recheada de brasilidade. Ela fazia questão de que as suas pinturas fossem compreendidas por toda e qualquer pessoa, não esquecendo a representatividade da sociedade.

 

Na obra ‘Segunda Classe’ é retratado um grupo de pessoas magras e com feição de cansaço, como se fossem da mesma família com um vagão de trem à frente.

 

Os críticos afirmaram se cuidar de uma situação de êxodo rural nordestino a fugir da seca, sendo das poucas obras da autora que esquiva ao otimismo típico e das cores quentes. Já na tela ‘Operários’, alguns rostos de trabalhadores foram desenhados, fruto de suas ideias e ideais socialistas, retratando o povo brasileiro oprimido pelas elites.

 

A vida pessoal da desenhista nos apresenta curiosidades inerentes a uma pessoa a não se sujeitar a ‘dores’ sofridas pelas mulheres daquela época. Expôs o seu primeiro trabalho aos 16 anos. Não teve qualquer temor em ser ‘desquitada’ e mãe solo na década de 30, quando o seu primeiro companheiro rejeitou que ela seguisse a carreira das artes.

 

Viveu quatro casamentos, até vir a óbito com 86 anos de idade em 17 de janeiro de 1973.

 

No ano de 1924, Tarsila inicia a fase ‘Pau-Brasil’ de valoração das cores e extremamente tropical, trazendo animais da fauna brasileira, juntamente a símbolos da modernidade urbana. Ligada à política e ao social, se sensibilizou com a luta da classe operária, sendo acusada de subversão, inclusive, passando por uma prisão.

 

O nome ‘Tarsila’ sempre atraiu multidões pela forma despojada, corajosa e interessante de desenvolver o dom artístico com o desenho. Por conta de um problema na coluna foi submetida à cirurgia, tendo sofrido um erro médico que a deixou paralítica, vivendo os seus últimos dias em uma cadeira de rodas. Conheceu o médium Chico Xavier, que passou a ser estimado amigo. A partir do início da respectiva amizade, doava parte do dinheiro obtido com os seus quadros para a instituição administrada pelo amigo.

 

Tamanho valor lhe rendeu uma homenagem pela União Astronômica Internacional, que em novembro de 2008 uma cratera do planeta Mercúrio passou a ser conhecida como “Amaral”.

 

Abriu um importante diálogo com o feminismo negro com a obra ‘A Negra’, onde é retratada uma mulher negra, nua, de lábios grossos, com um dos seios pesado e pendente, com pernas e braços grossos. Perguntada sobre a tela pintada a óleo, respondeu se cuidar de histórias rememoradas pelas mucamas da fazenda na sua infância.

 

Os seios ficavam alongados por elas trabalharem nas plantações de café sem poderem parar para amamentar os filhos e filhos. Assim, amarravam pedrinhas nos bicos dos seios, para ficarem alongados e facilitarem a amamentação em concomitância com o labor, podendo ser colocados nos ombros para amamentar os bebês que eram carregados nas costas.

 

“Eu invento tudo na minha pintura. E o que eu vi ou senti, eu estilizo.”

 

*ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS      é defensora pública do Estado de Mato Grosso.

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