O presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, está proibido pela Justiça de entrar na sede da entidade e de manter contato com sete pessoas ligadas à confederação: a funcionária que o acusou de assédio moral e assédio sexual e seis testemunhas – quatro diretores da entidade e duas ex-funcionárias – citadas no inquérito aberto pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para investigar o caso. Procurada, a defesa de Caboclo informou que não comenta o caso por estar em sigilo.
A medida foi tomada porque, ao longo da investigação, o Ministério Público apurou que tanto a funcionária quanto testemunhas do caso se sentiram perseguidas ou ameaçadas por Rogério Caboclo – como o ge revelou no dia 9 de julho. O dirigente nega que tenha feito ameaças.
A decisão da Justiça é cautelar, isto é, ainda não avalia o mérito das acusações, mas entende pelos depoimentos e provas apresentadas até o momento que há indícios suficientes para instauração de investigação e necessidade de preservação da vítima, assim como a necessidade de que Rogério Caboclo mantenha distância da CBF.
A Justiça também entendeu serem válidas as gravações feitas pela funcionária e anexadas à investigação do MP. Uma das gravações feitas pela funcionária foi revelada pelo “Fantástico” no dia 6 de junho. Numa conversa na sala da presidência da CBF, Rogério Caboclo pergunta à funcionária se ela “se masturba?”
Audiência marcada
A medida cautelar vale até 26 de agosto, data para a qual foi marcada a primeira audiência sobre o caso. Este deve ser primeiro encontro entre Rogério Caboclo e a funcionária que o acusou de assédio desde que ela pediu licença médica, em 9 de abril.
No dia 4 de junho, o ge revelou que ela apresentou uma denúncia à Comissão de Ética da CBF. Dois dias depois, Caboclo foi afastado do cargo por 30 dias. O afastamento foi renovado no dia 3 de julho por mais 60 dias. Nesta semana, a Fifa deu abrangência mundial à decisão.
O caso detonou uma das maiores crises da história da CBF. Caboclo passou a bater boca publicamente com Marco Polo Del Nero, ex-presidente da entidade e seu padrinho político, a quem acusa de liderar um complô para afastá-lo da presidência.
A entidade também chegou a sofrer uma intervenção judicial, depois suspensa por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Desde o afastamento de Caboclo, a CBF está sob a presidência interina de Antonio Carlos Nunes, que é o mais velho dos oito vice-presidentes. (Globo Esporte)