Depois de passar pelo Centro Histórico de Cuiabá, com sessões de projeções no Beco do Candeeiro, Praça da Mandioca e Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, o projeto Sou Natural, Sou Natureza chega a Chapada dos Guimarães neste fim de semana. A fachada da Igreja de Nossa Senhora de Santana ganhará colorido especial e mensagens positivas do coletivo Projeções Poéticas. Então, turistas e moradores de Chapada já têm programa para o sábado (24), a partir das 19h.

Proponente do projeto aprovado pelo edital MT Nascentes, da Lei Aldir Blanc, Daniela Kern, destaca que as intervenções proporcionam interação entre o humano e a natureza. “A relação com a arquitetura também é marcante, pois cada plataforma, parede, muro nos dá um resultado único. Cada projeção é especialmente preparada para o suporte em questão. Estamos animados em promover esse diálogo das imagens com o patrimônio histórico de Chapada dos Guimarães”, ressaltou.

O projeto do coletivo Projeções Poéticas tem a intenção de provocar reflexão sobre o modo como nos integramos (ou não) à natureza. “Chegamos ao período de estiagem mais forte sob a sombra de mudanças climáticas intensas. Isso é em boa parte, resultado da ação humana. Então, essas questões perpassam alguns dos poemas projetados. A questão da água e da terra é muito forte em nosso trabalho”.

Assim, as projeções, além de ser alvo de apreciação da produção artística e momento de lazer, têm o intuito de despertar a consciência ambiental, explicou a artista visual.

“Que a devastação do meio ambiente dê lugar a uma relação afetiva entre o humano e a natureza”. Com interesse nas questões ambientais, Kern já vivenciou experiências impactantes, como em Brumadinho (MG). “Foi desolador ver a natureza degradada, rios que alimentavam comunidades tradicionais tomados pela lama. Peixes mortos no entorno. Precisamos refletir sobre a maneira como nos relacionamos com ela”, alertou.

Pedro Ivo

Poemas escritos por Daniela se fundem às imagens, fruto das colagens da também artista visual, Raquel Diógenes com paleta de cores marcantes pensada por Ismael Borges Jr. “Raquel somou muito à construção visual”.

Contribuíram também, o assistente de produção, Nicolas Miranda, a artista especializada em arte viva, Elisa Ilumina, o artista plástico Raurício Barbosa, que transformou o corpo de Elisa em suporte artístico, Bruna Isumavut, light designer que trabalhou com a composição de luz para as cenas de Elisa e Luis. “Dona Sebastiana, anciã e benzedeira nos inspira com seu modo de vida e por isso, virou presença marcante nas projeções que também trazem imagens de seu jardim, do sítio onde mora em Várzea Grande”.

Daniela declara que as obras projetadas são fruto de uma alquimia de vários olhares e vivências. “Raurício por exemplo, traz em seu trabalho a representação da fauna, com animais que nós achamos mágicos, como o besouro, o vagalume e a onça, com sua força, que está presente no poema e no corpo pintado. “Já quando produzimos a arte para dona Sebastiana, o trabalho faz alusão ao ancestral e a essa cosmovisão que precisamos nos reconectar”. O fotógrafo Pedro Ivo também participa, registrando todas as ações do projeto.
Interação 
Nas passagens pelo Centro Histórico, Daniela conta que se emocionou ao presenciar a interação entre o público e as obras projetadas. “Antecedendo a programação oficial realizamos projeções no Beco do Candeeiro. Pessoas em situação de rua se sentaram nos bancos da praça e pararam para observá-las. Um senhor que estava de passagem teve uma reação bem marcante. Quando viu a palavra vida, voltou-se para a Igreja do Rosário e começou a fazer uma oração. Foi surpreendente.”

Já na Praça da Mandioca, a “plateia” se integrou às projeções. “Eles subiam na pequena escada da fachada da Casa das Pretas, ficavam na altura das artes e tiravam fotos. Uma relação simbiótica com as imagens”.

Por fim, no sábado passado (17), na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, as projeções foram alvo de contemplação, mais silenciosa. “Muita gente que estava passando por lá subia a escadaria para matar a curiosidade”.

E as projeções chamavam também a atenção de quem passava de carro pela Coronel Escolástico ou Prainha. “Isso só nos dá mais força para continuar. Se depender da gente, as projeções não param. Esse é um movimento artístico de ocupação e devemos muito à Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) e ao suporte da equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Mato Grosso”.

O Sou Natural, Sou Natureza recebe incentivo da Lei Aldir Blanc via edital do Governo de Mato Grosso via Secel-MT em parceria com o Governo Federal pela Secretaria Nacional de Cultura do Ministério do Turismo.