A primeira impressão do Flamengo sob o comando de Renato Gaúcho deixou muita gente desconfiada, mesmo com a vitória sobre o Defensa y Justicia fora de casa na Libertadores. Pois, na segunda partida do treinador, a equipe apresentou tudo aquilo que se espera de um elenco que empilha títulos há duas temporadas. A análise é de Felipe Schmidt para o Globo Esporte. Confira:
A goleada por 5 a 0 sobre o Bahia em Salvador foi construída com muito mérito. Desde o início, o Flamengo mostrou todas as suas características: controlou o ritmo do jogo, marcou bem por pressão e criou uma série de chances de gol. E acrescentou alguns fatores que vinham faltando: maior eficiência nas finalizações e segurança na defesa.
Renato fez duas mudanças na equipe que venceu o Defensa y Justicia. E elas se tornaram cruciais: com Willian Arão e Diego como volantes, o Flamengo melhorou muito a saída de bola e foi ainda mais efetivo na pressão pós-perda de bola.
Especialmente no primeiro tempo, foram frequentes os momentos em que Arão ou Diego se posicionavam ainda na intermediária ofensiva para recuperar a bola, cortar um contra-ataque e iniciar uma nova ação ofensiva.
Arão também teve participação importante na saída de bola. O Flamengo manteve a saída com quatro jogadores, aglutinando zagueiros e volantes numa espécie de quadrado para sair jogando. Em momentos específicos, Arão recuava ainda mais para se juntar a Gustavo Henrique e Léo Pereira, na saída de três jogadores que foi mais marcante com Jorge Jesus e Rogério Ceni.
Os números do Flamengo na vitória sobre o Bahia
Posse de bola | 63% |
Finalizações | 16 |
Passes certos | 603 (90%) |
Desarmes | 17 |
Dribles | 8 |
Faltas recebidas | 17 |
Faltas cometidas | 8 |
Na frente, a presença de Gabigol muda muita coisa. Apagado contra o Defensa, o atacante voltou à sua melhor versão. Foram três gols de qualidade: uma cobrança de pênalti com a eficiência habitual, um toque de primeira que matou a marcação, e uma finalização cruzada após ótimo passe de Everton Ribeiro. Um cardápio variado para aquele que já é o segundo maior artilheiro do Flamengo na história do Brasileirão.
Mas Gabigol não se limitou a finalizar. Já no início do jogo, saiu mais da área para ajudar na construção. Foi assim num belo lançamento para Michael e em outros momentos em que vinha receber no meio-campo, de frente para a marcação. Arrascaeta e Everton Ribeiro, mais próximos no 4-2-3-1 de Renato, também foram cruciais para envolver a defesa do Bahia.
Defesa não sofre gol pelo segundo jogo seguido
Por fim, vale a menção à dupla de zaga. Sempre contestados pela torcida, Gustavo Henrique e Léo Pereira voltaram a fazer um jogo sólido, diminuindo os erros.
Na entrevista coletiva após o jogo, Renato citou que vem dando confiança aos dois e corrigindo alguns aspectos. Até aqui, vem dando certo: foi a segunda partida em que a defesa não sofreu gols, um dos grandes problemas do Flamengo na temporada.
Renato venceu seus dois primeiros jogos como técnico do Flamengo. O último a conseguir isso foi Zé Ricardo, em 2016. Os triunfos vieram de formas quase opostas, em contextos diferentes. Cabe ao time e ao treinador desafiarem o ditado e mostrarem que, às vezes, é a segunda impressão que fica. ( Felipe Schmidt/Globo Esporte)