O ex-presidente do Corinthians Alberto Dualib morreu nesta terça-feira, aos 101 anos. A causa não foi informada. No dia 13 de junho de 2021, ele havia sido internado no Hospital Santa Catarina, em São Paulo, e vinha sendo monitorado desde então.
Em nota oficial, o Corinthians lamentou a morte e também informou que, viúvo de Elvira Real Dualib desde 2011, Dualib deixa três filhos, além de netos e bisnetos.
Também ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez lamentou a morte em postagem nas redes sociais:
Dualib presidiu o Corinthians por 14 anos, entre 1993 e 2007. Ele renunciou ao cargo durante um processo de impeachment no Conselho Deliberativo do clube e teve seu nome excluído do quadro de sócios no ano seguinte à renúncia, após ser investigado e denunciado pelo Ministério Público Federal.
Pesavam acusações de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e emissão de notas frias contra ele e dirigentes do antigo Grupo MSI, liderado pelo agente iraniano Kia Joorabchian, ex-parceiro do Corinthians.
Em 2013, Dualib foi condenado em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por desvio de R$ 1,4 milhão dos cofres do Corinthians. Recorreu em liberdade até a extinção da pena por prescrição, no Superior Tribunal de Justiça, em 2018.
Antes de apresentar a carta de renúncia, em setembro de 2007, Dualib acumulou títulos e se tornou o presidente com mais taças da história do Corinthians. Foram 12 conquistas importantes no período: cinco Campeonatos Paulistas (1995, 1997, 1999, 2001 e 2003), três Brasileiros (1998, 1999 e 2005), duas Copas do Brasil (1995 e 2002), uma Liga Rio-São Paulo (2002) e um Mundial de Clubes (2000) – além de uma Copa Bandeirantes (1994) e um Troféu Ramon de Carranza (1996).
– O Corinthians foi ingrato com um homem que fez tudo pelo clube. Em vez de ser perseguido, eu deveria ser homenageado por tudo que fiz. Nenhum time do mundo tem uma sede social como a nossa. Em 14 anos, ganhamos 14 títulos importantes e reconstruímos o clube em sua grandeza. Construímos um memorial que dá inveja em qualquer clube do mundo. Onde as pessoas pisam no Parque São Jorge existe uma obra do Dualib – disse o ex-presidente, logo após ser expulso do clube.
Pior momento e parcerias
Mas foi ele também o principal responsável pelo momento mais triste da história do Corinthians, o rebaixamento para a Série B do Brasileiro, no fim de 2007. Financeiramente, o clube viu a dívida decolar e atingir, pela primeira vez, a marca dos R$ 100 milhões – fechou aquele ano com R$ 101,6 milhões, com receita anual de R$ 133,7 milhões.
Foi na gestão Dualib que nasceu a parceria com o MSI, que levou o Corinthians para o noticiário policial, com cenas cinematográficas de viaturas policiais invadindo a sede do clube para apreender computadores e documentos, ou com dirigentes grampeados com autorização da Justiça e áudios vazados na imprensa.
Alberto Dualib com Carlos Alberto Parreira — Foto: Milton Michida/Agência Estado
A parceria com o MSI foi a terceira costurada por Dualib no Corinthians. A primeira, com o Banco Excel, durou apenas um ano, entre 1997 e 1998, e tinha a contratação do ex-atacante Túlio Maravilha como carro-chefe.
A segunda e de maior sucesso foi com o fundo norte-americano Hicks Muse Tate & Furst. Com o HMTF, foi assinado um contrato de dez anos, a partir do segundo semestre de 1999, e montado o timaço que conquistou o Mundial de 2000. A parceria, no entanto, foi rompida já em 2001 porque o fundo estava insatisfeito com o retorno do investimento feito no futebol brasileiro – também havia parceria com o Cruzeiro do então presidente Zezé Perrella.
Vida no Corinthians
Alberto Dualib nasceu em 14 de dezembro de 1919, em Glicério, região de Araçatuba e a cerca de 500km da capital paulista – mesma cidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que foi registrado em Campinas. Na carta de renúncia, o ex-presidente corintiano se vangloriou da vida dedicada ao clube. Associou-se em 1946, com 27 anos, assumiu o primeiro cargo diretivo no Corinthians em 1960 e alcançou a presidência em 1993, já com 73 anos.
Alberto Dualib com a taça do Mundial de Clubes de 2000 — Foto: Eduardo Nicolau/Agência Estado
Era empresário, tinha cinco empresas registradas enquanto era presidente, e dizia que investiu dinheiro próprio no clube algumas vezes para contratações ou quitação de salários atrasados do elenco.
Como na contratação de Marcelinho Carioca, um dos maiores ídolos da história do clube, no fim de 1993, primeiro ano de seu primeiro mandato. Embora nunca tenha mostrado documentos que comprovassem, afirmava que havia bancado – ou “doado” – cerca de R$ 12 milhões ao clube.
Nos últimos meses de vida, morava em um apartamento na Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo, sempre acompanhado por uma cuidadora. As lembranças do clube se limitavam às fotos, aos quadros e aos pôsteres pregados na parede. Ou à memória dos títulos e escândalos.
Em 2013, visitou a Neo Química Arena ainda em obras e esteve também no CT Joaquim Grava a convite do ex-presidente Andrés Sanchez. Dualib se emocionou e disse que até chorou na visita.
Andrés Sanchez, André Luiz Oliveira e Alberto Dualib na Arena ainda em obras — Foto: Arquivo Pessoal
(Globo Esporte)