A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (6) a criação de uma campanha de uso consciente da energia elétrica e das bandeiras tarifárias, diante da pior crise hídrica que o setor enfrenta nos últimos 91 anos.

A proposta será enviada para validação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), presidido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O comitê se reúne na quarta (7).

A campanha é mais uma ação do setor elétrico para ajudar a reduzir os riscos ao fornecimento de energia elétrica até o fim do período seco e início do período chuvoso, previsto para novembro.

“O despacho de todos os recursos termelétricos disponíveis, correlacionando com a bandeira tarifária no patamar 2, torna imprescindível reforçar os esclarecimentos para a sociedade sobre o uso consciente de energia elétrica e seus efeitos práticos”, afirmou o diretor Sandoval de Araújo Feitosa Neto, relator do processo.

Ele afirmou que qualquer desperdício de água e energia elétrica não pode ser tolerado, ainda mais diante do contexto atual de baixo armazenamento de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas.

Duração e custo
Segundo Feitosa Neto, a campanha deve durar de agosto a novembro. O período exato, porém, será definido posteriormente.

A campanha deve ser realizada de forma obrigatória pelas distribuidoras de energia elétrica, que deverão contratar agências de publicidade para elaborar a campanha, que envolverá inserções em TV e rádio, além de produção de conteúdo.

O custo total da campanha ainda não foi definido, mas o projeto será custeado através da postergação das contribuições que as distribuidoras fazem ao Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).

Essa foi uma sugestão da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), que afirmou que as distribuidoras não têm recursos para pagar a campanha neste ano.

A Abradee também informou que, uma campanha nacional nos moldes da que ocorreu em 2015, custa de R$ 60 milhões a R$ 80 milhões, para o período de seis meses.

Com a campanha deste ano deve ter duração de quatro meses, o custo será menor, projetou o diretor Feitosa Neto.

A campanha dever passar por monitoramento enquanto estiver no ar e, depois, os custos por auditoria independente.

Governo
Além da Aneel, o governo também tem promovido campanha de conscientização do uso da água e energia elétrica.

No dia 28 de junho, o ministro Bento Albuquerque fez um pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio pedindo o uso “consciente e responsável” de água e energia por parte da população.

Crise hídrica
O Brasil vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste – que respondem por 70% da capacidade de geração de energia do país – estão com 28% da capacidade de armazenamento, e não há perspectiva de chuva forte nessas regiões até meados de outubro.

As usinas termelétricas – mais caras e poluentes – estão sendo acionadas para garantir o fornecimento de energia. Por isso, houve aumento no custo da geração de energia – estimado em R$ 13,1 bilhões pelo Ministério de Minas e Energia, valor que é repassado para os consumidores. A projeção anterior era de um custo de R$ 9 bilhões.

Está em vigor neste mês de julho a bandeira tarifária vermelha 2, que consiste em uma taxa extra aplicada às contas de luz de R$ 9,49 por 100 kWh consumidos de forma a custear o aumento no custo de geração de energia.

Apesar da crise hídrica, o governo descarta o risco de apagão e de racionamento de energia em 2021.