Maratona de jogos e sol forte… Chega a ser compreensível que o Fluminense tenha sentido o desgaste na manhã deste domingo, em São Januário. Se não fez grande partida, o time fez o dever de casa e venceu o Cuiabá por 1 a 0, pela segunda rodada do Brasileirão, chegando ao quarto jogo consecutivo de invencibilidade.

Esse é um texto da análise da jornalista Paula Carvalho (Globo Esporte), do Rio de Janeiro. Veja:

Roger optou por mandar a campo o time titular, sem poupar nenhuma peça, mas viu seus veteranos, principalmente no segundo tempo, sofrerem com o calor e com o pique dos adversários – bem mais acostumados a jogos neste horário, por conta do Campeonato Mato-grossense.

No início do jogo, o Fluminense repetiu sua estratégia de baixar as linhas e dar campo. Não à toa, até os 15 minutos, teve apenas 30% de posse. Apesar dos números, estava compacto, organizado e não sofria. Quando tinha a bola, inclusive, conseguir ter mais volume e chegar com mais perigo.

O Cuiabá tentava explorar os corredores pelas laterais, mas bem marcado, acabava optando pelos cruzamentos na área. Sem sucesso. Manoel e Luccas Claro fizeram outro jogo seguro, ganhando todas as disputas por cima.

Na frente, Nenê jogou mais caído pela esquerda, quase como um ponta. Já tinha sido assim na etapa inicial contra o Bragantino. Com isso, Gabriel Teixeira flutuou mais no ataque, tentando infiltrar à área pelo meio. E foi dessa forma que o Fluminense chegou ao único gol do jogo: Fred puxou a marcação para si, abrindo espaço para Biel aparecer como um centroavante e estufar as redes.

A assistência foi de Yago, motorzinho do time de Roger. O volante povoou o meio de campo, compôs a marcação ao lado de Martinelli, deixando a estrutura compacta, e também pisou no ataque. Ele tem feito a roda da equipe girar.

O Flu começou o segundo tempo como terminou a primeira etapa: fechadinho, organizado e com mais volume, mas caiu de produção. O horário do jogo, criticado por Roger na coletiva, interferiu, e os atletas sentiram o desgaste.

– Um jogo difícil, em um horário ruim, que o adversário está mais habituado que nós a jogar. Às vezes me parece que o futebol brasileiro pensa que está em Londres. No inverno de Londres jogando às 11h da manhã. Uma coisa é você jogar às 11h da manhã em Santa Catarina, no Paraná, no Rio Grande do Sul, no inverno – reclamou o treinador.

Aos 16, Fred, exausto, deu lugar a Abel Hernández. O treinador, porém, demorou a fazer nova substituição: tirou Caio Paulista, aos 29, para a entrada de Luiz Henrique. Nenê, que também aparentava sentir cansaço, saiu aos 36. Ele, Martinelli e Gabriel Teixeira. O volante e o atacante haviam se movimentado bastante.

Os três deram lugar a Lucca, que não jogava há quase um mês, Wellington e Kayky, mas as substituições não surtiram efeito. O time já estava menos compacto, dando espaços para investidas do Cuiabá, que ensaiou uma pressão no fim do jogo. Pouco antes deles entrarem, Felipe Marques chegou a balançar as redes, mas foi flagrado em posição de impedimento.

Fluminense x Cuiabá, Brasileirão — Foto: AssCom Dourado

Fluminense x Cuiabá, Brasileirão — Foto: AssCom Dourado

Não dá para lutar contra o sol ou contra a maratona de jogos, mas mexidas mais precoces talvez tivessem evitando – ou ao menos diminuído – o susto no fim. Nos últimos minutos, a equipe mato-grossense encurralou o Fluminense, que também não conseguia mais emplacar os contra-ataques, uma das principais armas da equipe na temporada – já foram 11 gols assim sob o comando de Roger.

Apesar do rendimento não ter sido dos melhores, muito por conta do desgaste tanto citado por aqui, a verdade é que o time atingiu seu objetivo e saiu de campo com os três pontos. É improvável que qualquer equipe consiga jogar bem todas as partidas, mas o Tricolor, além de ter apresentado bom futebol na maioria das vezes, se mostrou eficiente.

Com o resultado, o Fluminense chegou a quatro pontos no Campeonato Brasileiro. E, agora, irá enfrentar o Bragantino duas vezes em sequência: primeiro, na quarta-feira, às 21h30, pelo jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil; depois, no próximo domingo, às 16h, pela terceira rodada do Brasileirão. (Paula Carvalho/Globo Esporte)