O Fluminense venceu o Cuiabá por 1 a 0, mas o técnico Roger Machado fez questão de criticar a escolha do horário da partida. O duelo aconteceu às 11h (de Brasília) deste domingo, em São Januário, e o treinador tricolor questionou a decisão. Em uma entrevista ao GE, o treinador ainda elogiou o desempenho do Cuiabá que ‘valorizou muito a vitória’ do Tricolor (veja mais abaixo).

– Um jogo difícil, em um horário ruim, que o adversário está mais habituado que nós a jogar. Às vezes me parece que o futebol brasileiro pensa que está em Londres. No inverno de Londres jogando às 11h da manhã. Uma coisa é você jogar às 11h da manhã em Santa Catarina, no Paraná, no Rio Grande do Sul, no inverno – reclamou Roger.

Apesar do desgaste, o técnico do Fluminense aprovou a atuação tricolor e explicou a forma de atuar da equipe durante a partida.

– Um desgaste muito grande, mas sabíamos que o adversário viria com uma proposta de tentar explorar as costas dos laterais quando avançássemos ao ataque. De quando pressionarmos a bola para fazer um pivô de centro para romper uma linha de grande jogadores no ataque. E fizemos um primeiro tempo equilibrado, não sofremos muito, tivemos algumas oportunidades. Concluímos nossas chances – completou.

Confira a íntegra da entrevista coletiva de Roger Machado:

Elogios a Yago e Gabriel Teixeira

– E no segundo tempo com uma boa jogada com o Yago, que vem nessa nova mecânica de jogo, se destacando com um médio que faz essas flutuações, que ataca essas profundidade no corredor central para o lateral. E o Biel que vinha atuando bem, perseguindo seu gol no Brasileiro, conseguiu colocar a bola na rede numa das poucas oportunidades que sabíamos que íamos ter em uma equipe organizada. De tentar roubar a bola no campo de ataque no momento em que eles estavam um pouco abertos para se organizarem e acelerar o jogo como fizemos.

Cuiabá

– O Cuiabá valorizou muito a nossa vitória, não se entregou em nenhum momento. Temos certeza que o Cuiabá fará um campeonato para se manter na elite, porque contratou jogadores experientes. Jogadores que contribuem muito para o futebol. Valorizamos muito estes 3 pontos, muito difícil a partida. Ao manter o zero no placar por mais um jogo, ficamos na partida.

Copa do Brasil

– Eu acho que o primeiro de tudo é não considerar essa vantagem, que embora seja significativa, de dois gols. Porém a gente sabe que tudo acontece no futebol. Eu saliente com os atletas que é importante o primeiro jogo da decisão, tendo ele acontecido em casa ou não. Mas a disputa está aberta. A partir de agora vamos concentrar. Ontem, em casa, eu vi rodada do Brasileiro, o Bragantino atuando contra o Bahia. Já vi algumas peças e alternativas que podem usar para quarta-feira. Mas neste momento só quero curtir estes três pontos e aproveitar o fim de domingo para amanhã focar nessa grande decisão de quarta-feira. Mas esperamos que o adversário venha forte, venha duro, e a gente continue nessa crescente de evolução.

Gabriel Teixeira

– Quando vi os primeiros jogos no Estadual, que ele atuou, eu imediatamente me dei conta que ali estava um jogador completamente preparado do ponto de vista não só técnico, mas, sobretudo, tático e emocional. Um jogador que não sentiu o peso da estreia, seja naquele momento ou na Libertadores. Que não sentiu o peso de estrear no Brasileiro. Dentro das variáveis tanto físicas, quanto técnicas. Ele é um dos jogadores mais potentes que temos no grupo, mais completos.

– As variáveis físicas do Biel são comparadas a jogadores europeus. Então quer dizer que ele aguenta fazer um jogo de altíssima intensidade ao longo da janela dos 90 minutos. E eu tenho até dificuldades de encontrar um ponto que o Gabriel precise evoluir, porque ele tem várias características importantes. Ele tem drible, ele tem força, ele sabe jogar no corredor de velocidade, ele não foge do confronto físico. Também tem característica de enfrentar se for o caso, tem recomposição.

-Talvez o que precise evoluir se tiver que evoluir é o cabeceio se posso dizer alguma coisa. Mas até agora o que tenho visto do Gabriel é um jogador extremamente completo em todos os sentidos. Fico muito feliz de estar participando do surgimento de um jogador como ele.

Análise do trabalho

– Primeiro foi muito importante chegar no clube e pegar uma base muito bem formada do ano anterior com o Marcão e o Ailton. E começar a incluir gradativamente alguns conceitos através da metodologia de treino que gostaríamos de ver. Hoje eu consigo enxergar os conceitos principalmente em algumas fases do jogo, principalmente na de defender e atacar. Os princípios macros do jogo, quem ataca, como são as transições, encaixes para marcar, estrutura que adota, linha que vamos marcar. Isso tudo foi gradativamente. Foi pouco treino.

– As correções são feitas através do feedback do visual do vídeo. Hoje mesmo a palestra foi parte da amostragem do nosso último jogo, o que fizemos de consistente. E o que precisávamos melhorar pontualmente para o jogo de hoje. Não é o ideal, mas como o grupo está assimilando o trabalho, conseguimos manter. Mas em algum momento vamos precisar de uma semana aberta. No momento é o que temos e estamos conseguindo evoluir assim.

Posse de bola

– Primeiro que o futebol não é uma disputa de quem tem mais posse de bola. É uma disputa de quem tem a posse de bola e consegue ser mais eficiente. Eu costumo analisar algumas métricas importantes que é a posse de bola relacionada a quantas vezes eu consigo finalizar ao gol adversário ou chegar no último terço do campo empurrando o adversário para trás. Eu posso ser extremamente ofensivo tendo 40% de posse de bola e chegando 10, 15 vezes no último terço finalizando 5 ou 6 vezes com perigo do que aquele que teve 60% de posse.

– O cenário brasileiro e por vezes o externo deseja empurrar que todo mundo tem que propor jogo hoje. Mas independente do grupo, da característica que você tem, da capacidade dos jogadores, todo mundo tem que propor jogos. Defender bem é organização e talento. Atacar bem dessa forma é talento e organização. Se inverte essas variáveis. O fato de você não ter a bola não significa que você é mais defensivo. Pelo contrário. Às vezes você não tem a bola, mas está propondo o jogo. Porque está impondo ao adversário o jogo que você deseja. Levar a bola para onde você quer, roubar a bola para chegar ao gol adversário. (Globo Esporte)