“Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”, John Fitzgerald Kennedy – herói de guerra e 35° presidente dos Estados Unidos
Desde muito criança ouço muitas histórias das guerras através de meus ancestrais que foram parte ou testemunhas oculares delas. Uns defendendo ideais, outros defendendo o direito de ter uma pátria ou mesmo para não perder o que já tinha conquistado: sua pátria!
São histórias de gente que perdeu tudo; inclusive pais, irmãos, primos, avós e gente muito querida e mesmo assim ainda sentem orgulho do sangue derramado, por serem patriotas. Eu, mesmo nascido em tempos de paz, sou filho da guerra!
Por isso me credencio a falar deste assunto, pois hoje vivemos uma onda de patriotismo às avessas que chega a repulsa. Há uma grande diferença entre aqueles que vivem a favor de sua pátria para aqueles que vivem de favor em sua pátria. No coração do patriota não há covardia e nem individualismo! Uma vez que o patriota empresta seu sangue e sua vida aos demais irmãos de sua pátria!
Podemos definir patriotismo como o sentimento de amor à pátria e aos seus símbolos nacionais, (bandeira, hino, brasão, vultos históricos, riquezas naturais e patrimônio material e imaterial).
Patriota é aquele faz algo de bom pelo seu povo pelo seu país ou em defesa dele. Alguém que faz pela sua cultura ou nação. Alguém que é capaz de entregar a própria vida em defesa do seu território e daqueles que vivem nele. Patriotas são pessoas que quando veem sua pátria ameaçada empurram seus próprios filhos a guerra, mesmo sem saber se um dia voltarão.
Patriota é quem chora de orgulho quando enterra os seus que morreram em defesa de seu país. Patriota é aquele que entrega sua própria vida em favor da vida dos demais.
Pois é, aí em plena pandemia estamos assistindo um conjunto significativo de irresponsáveis fazendo aglomerações como se fossem “torcidas” organizadas para defesa de seus interesses ou de seus ídolos.
É um “nós contra eles” alimentado, na maioria das vezes, por invenções, mentiras e Fake News. Não passam de contendores políticos que se espalham todo final de semana pelo Brasil. São caravanas de pessoas lado a lado carregando bandeiras, vestindo verde amarelo; metralhadoras verbais borrifando frases desconexas e mal-educadas uns contra os outros.
Estas passeatas feitas e organizadas a custo de financiamentos (público e privado) com pessoas festivas e corporativas, nada mais que dois grupos disputando quem leva mais louco para as ruas (as ruas são do povo, mas não em período pandêmico, onde aglomeração mata inocentes), mostra muito mais nosso individualismo, da nossa vontade de se dar bem, da vontade de excluir pessoas, de inconsequência com vidas de inocentes do que com qualquer coisa que se chame patriotismo.
A pergunta a estas cidadãs e a estes cidadãos é simples: entregaria seus filhos para morrer por esta pátria ou pelo seu povo? Você entraria numa guerra para defender o Brasil com sua própria vida? Aceitaria entregar seu patrimônio para a pátria para que ela se fortalecesse nos momentos difíceis?
Se em qualquer caso a resposta for não, você não está lá porque você é patriota, está lá porque está defendendo seus interesses privados, ou talvez nem isso; apenas seus interesses ideológicos ou por mero fanatismo ao seu ídolo e por isso não passa de um oportunista e egoísta. Jamais será patriota. A bandeira e os símbolos são sagrados, se não tens honra não os toque profanamente!
Como afirmou o filosofo e humorista catalão Jaume Perich Escala, “existem dois tipos de patriotas: aqueles que amam seu país e aqueles que amam o governo de seu país. Logicamente, os governos consideram este último mais patriota”.
*JOÃO EDISOM é analista politico