Poxoréo, Guiratinga, General Carneiro, Tesouro, Torixoreo, Alto Paraguai, Nortelândia e Arenápolis, que nasceram e viveram do garimpo, por estarem em terras acidentadas, não próprias para a agricultura, tem IDH abaixo da média do estado, hoje em 0,773, e nos antigos garimpos de 0,705 para menos.

E muito mais abaixo ainda da média das regiões produtoras de grãos do estado. Quem sabe possa ser criado um plano de ação de médio e longo prazo para os antigos garimpos de diamantes no estado. Lugares de garimpos como Diamantino e Alto Graças, que ficaram com terras para a agricultura, estão agora se dando bem economicamente.

O município de Poxoréo se estendia também para onde hoje está Primavera do Leste. Região de cerrado e considerada terra não apropriada para a agricultura. O cerrado foi corrigido, Primavera cresceu economicamente.

As terras de Poxoréo são acidentadas, não adequadas para agricultura extensiva e para uso de máquinas. A diferença em PIB per capita, IDH e empregos entre os dois municípios, apesar de próximos, é enorme.

A distância entre qualquer município garimpeiro antigo e os do agro cresce cada dia mais. E continua aumentando porque os lugares com agricultura têm ainda o beneficio da Lei Kandir que isenta de ICMS a exportação de grãos. Esse dinheiro fica ali. Tem, portanto, dinheiro da própria produção agrícola, mais isenções fiscais e retorno em logística através do Fethab que beneficia mais as regiões agrícolas.

 Os municípios de garimpos, por suas próprias circunstâncias, não tem nada disso e, até agora, não existe um plano para ajudá-los a criarem alternativas econômicas para melhorar as condições sociais.

O principal problema daqueles municípios é a falta de empregos. A pauta para essas localidades deveria ser como encontrar alternativas para gerar emprego e renda. Existem algumas.

A pecuária é possível em terras acidentadas, por exemplo. De preferência a leiteira, gera mais empregos. Laticínio poderia ser algo atrativo.  Gemas semipreciosas têm em grandes quantidades naqueles municípios e não são exploradas.

Quem sabe o plantio de frutas também pode ser alternativa em terras acidentadas. Peixe em cativeiro seria outra atividade.

Turismo também. Lugares com serras, quedas de água, lagos, que podem ser explorados. Esses municípios, pelo próprio isolamento de muitos anos, mantiveram suas maneiras e comportamentos. Tem uma gastronomia própria, linguagem, músicas, folclore, festas religiosas que, juntos com belezas naturais, poderiam dar base para o turismo.

Talvez possa ser criado um plano de ação para essas localidades para enfrentar problemas quase idênticos. Os municípios deveriam se articular para, em conjunto, buscarem meios junto a Cuiabá ou Brasília para melhorar as condições de vida de cada localidade. Por que a AMM não entra também no circuito de ações?

Ao invés de serem engabelados por emendas parlamentares, porque aqueles municípios não cutucam os parlamentares para buscarem meios para alterar a vida econômica desses lugares?

O governo do estado, através do Mais MT e de secretaria de estado especifica, quem sabe poderia criar alternativas econômicas para as regiões dos antigos garimpos, senão o desequilibro regional, que já é grande, aprofundará ainda mais.

Alfredo da Mota Menezes é analista político.