A rica e respeitável tradição da festa do Senhor Divino em Cuiabá, comemorada desde a Monarquia imperial brasileira, tem sua origem na ocupação desta região pelos bravos bandeirantes Portugueses e Paulistas, com registros históricos do ano de 1813.
Esta festa já passou por diferentes fases, formas e manifestações, de acordo com a evolução dos tempos. Passou pelas carruagens, cavalarias e touradas no campo D’Ourique, até entrar na contemporaneidade marcada pelo advento da Internet.
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Por exemplo, nestas duas últimas edições da festa do Senhor Divino, por causa da pandemia, a comissão organizadora (Corte) fez a utilização da internet e redes sociais para a Novena do Senhor divino e a circulação da bandeira.
A festa do Senhor Divino sempre foi marcada pelo brilhantismo e esmero, tanto na fase de preparação como na sua realização. 0s festejos começam com a Novena mensal na residência dos devotos, que se inicia nove meses antes da solenidade. É uma novena marcada pelo fervor espiritual e piedosa participação, seguida de uma confraternização.
Segundo a tradição da Igreja, a prática da novena tem sua origem e inspiração no dia da Ascensão do Senhor ao céu, quando o próprio Jesus pediu aos discípulos que permanecessem um tempo juntos, unidos em oração, até que recebessem o Espírito Santo prometido (At 1,4-14). Foi a primeira novena de Pentecoste.
Esta festividade é precedida pela peregrinação da Bandeira pelas ruas da cidade e a novena diária. A grandiosa festa do Senhor divino, no dia de Pentecoste, é comemorada com a missa de ação de graças e escolha da nova corte. Alguns símbolos marcam esta rica e antiquíssima religiosidade Cuiabana: a Corte, designa a comissão de coordenação da festa; Bandeira do Senhor Divino, de cor vermelha, simboliza o fogo que desceu sobre os apóstolos e a virgem Maria (At. 2, 1-4). A coroa: nas solenidades festivas, é usada pelo imperador e imperatriz e, nas esmolas, pelos presidentes de Bandeira e equipe.
Salva: Bandeja de prata que serve para sustentação da coroa e do Cetro. Cetro: simboliza o poder de mando e decisão do imperador.
É, também, levado às residências dos fiéis por ocasião da esmola, pelos confrades e confreiras. Pão Bento: Uma antiga tradição revela que as famílias guardavam em um saquinho, nas vasilhas de mantimentos, o pão que recebia na visita da bandeira, acreditando que, com isso, atrairia a abundância de alimentos e fartura. Medalhas do Senhor Divino: essa medalha contém a imagem da pomba que representa o Divino Espírito Santo e, após ser abençoada, é distribuída aos fiéis com objetivo de proteger e livrar de todos os males, quem a receber.
A teologia católica, através do credo apostólico, proclama que há um só Deus em três pessoas e três pessoas num só Deus. São três pessoas realmente distintas, consubstanciais ao Pai, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis e inseparáveis.
Jesus é a palavra e o Espírito santo o sopro, que saem de uma mesma boca que é o Pai eterno. É um grande mistério de fé! Ora, a fé é aceitar aquilo que não entendemos. Advertiu Santo Agostinho: “a fé não é para orgulhosos, mas para os simples e humildes de coração. Pois, a fé apresenta verdades que não podemos penetrar nem compreender”.
Assim, o Pai eterno ama e abraça o mundo com seus dois braços: o Filho unigênito e o Espírito Santo de amor. A Tradição católica nos ensina que o espirito santificador é a alma e o timoneiro da Igreja, o qual foi derramado, abundantemente, sobre todos os seus membros. Ele habita os corações das pessoas pelo batismo, dando-lhes entusiasmo, coragem e discernimento. É o consolador dos aflitos que mantém viva, nas mentes humanas, a utopia de uma humanidade totalmente restaurada e libertada.
Que o Divino Espírito Santo, amor do Pai e do filho, nos socorra e nos livre desta terrível e devastadora Pandemia, e, também, conforte o coração dos que perderam seus entes queridos pela Covid-19! O último verso do hino cantado do Senhor Divino, uma lindíssima tradição, diz: “Faça a promessa, com muito louvor. O Divino Espírito Santo é de Cuiabá! …..
E Viva o Senhor Divino!
*PADRE DEUSDÉDIT MONGE DE ALMEIDA é sacerdote, cura da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá; foi sacerdote diocesano e pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria, no CPA-IV (Morada da Serra); região Norte de Cuiabá-MT.
CONTATO: www.facebook.com/CoracaoImaculado/