Tentáculos da organização criminosa desmantelada na Operação Renegados vão muito além dos 22 integrantes da quadrilha que tiveram as prisões decretadas pela Justiça. Depoimento que o jornal A Gazeta teve acesso mostra que a extorsão, principal atividade do bando, contava com a participação de servidores públicos com acesso a dados do Instituto de Identificação, a ex-mulher de um ex-deputado estadual e advogados, além de policiais e ex-policiais civis e militares, bem como criminosos.
Os ‘renegados’ atuavam em qualquer tipo de extorsão, inclusive de homens mais velhos flagrados com menores em situação de prostituição. Traficantes e procurados da Justiça também pagavam propina ao grupo para escapar da possível prisão.
Informações constam do depoimento do alvo Domingos Sávio Alberto de Sant’ana, 60, prestado na noite de sexta-feira (6) a promotores do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e a três delegados da Polícia Civil. Processado e condenado pelos crimes de estelionato e corrupção passiva, Domingos admitiu que integrava a organização criminosa, mas sua participação era de menor importância, consistindo apenas de dar informações de possíveis alvos para o grupo, bem como dar auxílio em algumas situações pontuais.
Uma dessas situações envolveria o saque do montante de R$ 45 milhões de uma conta de uma igreja do estado de São Paulo, por um homem do Maranhão. Esse homem teria sido apresentado a membros do grupo por meio de advogados de Várzea Grande. Duas mulheres, entre elas a ex-mulher do ex-deputado, também entraram na negociação e ofereceram R$ 20 mil aos membros do bando para “facilitarem” o saque junto a uma agência do Banco do Brasil em Cuiabá.
O maranhense chegou a apresentar ao grupo um extrato bancário da conta, com saldo superior a R$ 300 milhões. O homem teria falado inclusive que portava uma procuração de pastores da igreja que lhe davam poderes para sacar o dinheiro.