A aplicação de defensivos agrícolas é uma prática comum e legalizada no agronegócio, o seu uso controla pragas que prejudicam a lavoura, e garante a saúde das plantas, desde que aplicado de forma correta e responsável. Porém, o uso inadequado e sem um planejamento pode prejudicar as plantações vizinhas, e aconteceu pelo segundo ano consecutivo com o produtor rural, Alexandre Augustin.

A propriedade de três mil hectares, localizada a 30 km de Guiratinga (distante 322 km de Cuiabá) cultiva algodão e foi novamente afetada pela aplicação do herbicida 2,4-D, na propriedade vizinha que produz soja.

Augustin conta que a ação é recorrente, e este ano aproximadamente 400 hectares da sua propriedade foram atingidos pelo defensivo e calcula-se um prejuízo superior a R$ 2 milhões de reais. “No ano passado tivemos o mesmo problema, servidores do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) estiveram na propriedade, colheram amostras e identificaram que foi realmente o 2,4-D, utilizado na preparação para a plantação da soja que causou danos à minha plantação. Mesmo assim não consegui reaver os danos e acabei ficando com o prejuízo”.

Segundo ele, o proprietário da fazenda vizinha à sua admitiu o uso do produto em sua lavoura, mas negou que tenha sido ele o causador dos danos à plantação de Augustin. “Ao procurá-lo para tentar resolver o problema não entramos em acordo e o mesmo não se responsabilizou pelos danos. Desta vez vamos levar o problema à justiça e evitar que no futuro isso ocorra de novo”, explicou.

Segundo o gerente técnico da fazenda de Augustin, Jacson Dalazen, o defensivo agrícola afeta diretamente o algodão e causa queda na produtividade de até 50% por planta atingida. “Este produto é usado para controle de ervas daninhas que infestam culturas como a do milho e soja, mas quando chega ao algodão é bastante agressiva. Mesmo com a aplicação via terrestre o vento pode levar o produto para áreas que estão até quatro quilômetros de distância, e quando atinge a plantação de algodão, quando não mata a planta, diminui em pelo menos 50% a produtividade”, destaca.