O agronegócio brasileiro mudou o mercado de trabalho no país, o perfil dos empregados e também dos empregadores do setor rural. Isso pode ser facilmente notado nos cursos oferecidos tanto pelo tradicional Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) quanto nas mais renomadas universidades públicas e privadas do país. A qualificação da mão de obra passou a ser uma exigência da agricultura familiar ao CEO das multinacionais e a ocupação deixou de ser destinada exclusivamente aos proprietários de terras e seus herdeiros.

O último levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) sobre a população ocupada no agronegócio aponta que para cada pessoa trabalhando no campo, tem outra na cidade trabalhando diretamente com o agronegócio. Indústria, serviços e o setor de insumos empregaram 9,217 milhões de trabalhadores, mais do que o total ocupado diretamente pelas atividades dentro da porteira, que foi de 8,07 milhões de pessoas.

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Ao todo, o agronegócio foi responsável pela ocupação de 17,3 milhões de pessoas no Brasil, número 5,2% menor do que o total ocupado em 2019, que foi de 18,2 milhões. Mesmo que menor, o setor se saiu melhor do que o país de forma geral, que registrou queda de 7,8% entre os anos de 2019 e 2020. Assim, o agronegócio passou a ter uma participação ainda maior na geração de renda, passando de 19,% para 20,1%.

Analisando os dados da pesquisa, é possível ver que mais da metade dos trabalhadores do agro possuem ensino médio completo ou superior e as pessoas sem nenhum grau de escolaridade representam 4,3% da população ocupada no agronegócio. Mas ainda há  muito espaço para qualificação, já que 7 milhões dos trabalhadores têm somente o nível fundamental.

E é por isso que vemos cada vez mais pessoas buscando cursos de capacitação nestas áreas. Seja para atender as novas tecnologias do campo, para atuar na assistência técnica, como pesquisadores ou na gestão dos negócios, os jovens e os trabalhadores entenderam que há vagas no setor da economia que mais cresce no país e elas são voltadas para pessoas cada vez mais especializadas.

O impacto do agro na economia é ainda maior. Os municípios onde o agronegócio é predominante registram elevados Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). E se as famílias possuem melhor renda, elas gastam mais, colocam o dinheiro em circulação, movimentando os setores de comércio e serviços, turismo e até mesmo as indústrias para abastecer a demanda.

Muitos profissionais de áreas não específicas também atuam diretamente no setor. Pessoas dos setores de contabilidade, administração, comunicação, finanças que trabalham nos sites de notícias especializados, no marketing das entidades, nos projetos dos prédios das empresas, em escritórios especializados de advocacia ou até mesmo fazendo a declaração do imposto de renda dos produtores rurais.

Não há mais como limitar o impacto do agronegócio aos produtores rurais e às tradings. Quando uma saca de soja é vendida ou uma tonelada de carne é exportada, muitos trabalhadores se beneficiam, os municípios e o estado arrecadam mais e a economia gira.

 

*LUCIANO DE SOUZA VACARI  é gestor de Agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria.

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