Construção de um campo a mais à disposição do time profissional, iluminação para atividades noturnas no Ninho do Urubu, ampliação e modernização de um espaço com grama sintética, divisão dos jogadores em quartos individuais nas viagens, novos protocolos de viagem para evitar aglomerações… O Flamengo versão 2021 promete ser discreto em ações no mercado, mas internamente os investimentos continuam para melhorar o que é tratado pela diretoria como “outro patamar também fora de campo”.
Na parte física, o planejamento parar temporada tem três novidades práticas no CT. Com os campos 1 e 2 castigados pela sequência de treinamentos, o Ninho está em fase de acabamento do trabalho de nivelamento do campo 3. O mesmo ficava em um espaço declive e foi elevado para ficar na mesma altura e condição dos outros dois, permitindo uma alternância maior com o intuito de preservar os gramados, que são tratados diariamente por quatro profissionais.
Gabigol treina com o campo 3 em obras ao fundo para nivelamento — Foto: Alexandre Vidal / CRF
A previsão de conclusão das obras é para julho. Antes, porém, estará à disposição o espaço com grama sintética, que será inaugurado em maio. O local será destinado inicialmente para as categorias de base, com utilização esporádica dos profissionais para se adaptar ao piso para determinadas partidas. O Unión de la Calera, rival da Libertadores, por exemplo, tem gramado artificial em seu estádio.
Estádio Nicolás Chachuán Nazar, Unión La Calera, tem grama sintética. Flamengo está implementando no CT — Foto: Mateus Montemezzo/Rádio Oeste Capital
Por fim, um pedido de Jorge Jesus, enfim, será colocado em prática: a partir de setembro, os refletores estarão instalados no campo 2 para trabalhos noturnos. Medidas que visam tornar cada vez mais completo o ambiente no CT, que internamente já ganhou recentemente espaços de barbearia e sala de jogos totalmente equipadas:
– A estrutura física é muito boa. Quase todos os setores são super bem organizados, não tem muito o que falar. Estamos melhorando os campos a cada dia para que os atletas se queixem cada vez menos de estar um pouco duro. As viagens são muito tranquilas, vamos e voltamos em voos fretados. Não há o que reclamar. Temos tudo para trabalhar – disse Rogério Ceni.
E as viagens citadas pelo treinador seguem um planejamento para que os jogadores se sintam numa extensão do CT. Desde 2019, o Flamengo trabalha exclusivamente com voos fretados e apara arestas para que o processo seja cada vez mais privativo da saída do Ninho até a chegada ao hotel onde ficará hospedado.
A última viagem em voo comercial teve como destino Curitiba, na estreia de Jorge Jesus, em julho de 2019, enquanto desde agosto, em Salvador, que o elenco sequer passa pelo saguão dos aeroportos para evitar aglomerações. A política tem como conceito o padrão trazido pelo português e por jogadores com passagens longas pela Europa.
Marcos Braz apresenta o Ninho a Ceni no dia de sua apresentação — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Já nos hotéis, o isolamento é realizado através de grades na busca pelo equilíbrio entre a proximidade com o torcedor e a privacidade para os atletas. Os corredores de acesso aos prédios são os únicos momentos em que o contato, mesmo que visual, é possível. Dentro das instalações, o protocolo conta com andares isolados e espaços destinados refeições, palestras e atividades sem contato com outros hospedes.
Os protocolos de combate ao Covid-19 levaram para os jogos fora do Rio ainda um padrão de quartos individuais que já existia no Ninho do Urubu e será mantido mesmo após a pandemia:
Rogério e Juan: desembarque sempre na pista, sem passar por áreas comuns dos aeroportos — Foto: Alexandre Vidal / CRF
“Com o nível elevado de nossos atletas, o profissional que não está atento e acompanhando as mudanças, naturalmente vai ficando para trás. Hoje, talvez o maior mérito foi dividir e envolver diretamente no processo pessoas competentes e que colaboram demais na rotina de trabalho”
– Fábio, chefe de segurança, Claudionisio responsável pelos contratos, Clebinho roupeiro, Leo cozinheiro, Marcella em compras, Sr. Leandro diretor do Ninho, Offside empresa de logística e Márcio Supervisor. São alguns dos profissionais responsáveis por fazer com que essa engrenagem continue girando e que nossos atletas e membros da comissão técnica, se preocupem única e exclusivamente com o “campo”. Estamos nos esforçando ao máximo para atendermos as exigências e demandas cada vez maiores de forma cada vez mais eficiente e eficaz – definiu o supervisor Gabriel Skinner, enumerando quem faz parte do processo.
Uma das entradas do módulo profissional recebeu a estátua do Zico restaurada — Foto: Alexandre Vidal / CRF
A percepção interna no departamento é de que a medida que se eleva a oferta, a cobrança cresce proporcionalmente. E isso parte dos próprios jogadores. Um episódio pequeno que é tratado como case do tamanho da exigência foi quando houve questionamento pela ausência de um dos suplementos em que os atletas estavam habituados a tomar no percurso do vestiário para o campo.
Mesmo à distância, o presidente Rodolfo Landim monitora as atividades no CT. No início do ano, o mandatário passou uma semana praticamente morando no Ninho para entender os processos num momento de transição com a troca de profissionais e fez parte do trabalho de divisão de tarefas, com remanejamento de profissionais para base e melhora na comunicação direta entre as áreas:
– O modelo de governança escolhido pelo Presidente Landim, é facilitador de todo o processo. Temos um VP forte e atuante, um diretor executivo com ótima relação com a diretoria, um conselho do futebol próximo e preocupado e gerentes responsáveis pelos setores. Nosso Presidente tem total conhecimento dessa engrenagem e sabe determinar rapidamente o que está funcionando ou não – disse Skinner.
Depois de décadas no CT do São Paulo, apontado como referência, e de participar efetivamente do processo de reformulação do Fortaleza, Rogério Ceni vive no Ninho uma realidade quase que exclusiva para o que acontece em campo:
“O Flamengo oferece toda estrutura para trabalhar, ter bons treinos e se concentrar nisso. E é muita coisa. Temos que nos preparar o pós-jogo sobre o jogo passado, o que pode melhorar, o jogo futuro…”
– Nesse calendário apertado, exige muitas horas de trabalho, mesmo tendo tudo em ordem. O Gabriel cuida de tudo nas viagens, o Bruno e o Braz dão apoio em tudo, a própria assessoria nos mantém informado de tudo. A estrutura é muito acima da média.
Neste estruturada “acima da média”, o Flamengo faz nesta segunda-feira sua última atividade visando o confronto com o Unión de la Calera, terça-feira, às 19h15 (de Brasília), no Maracanã, pelo Grupo G da Libertadores. Com a vitória sobre o Vélez na estreia, o time carioca lidera a chave. (Globo Esporte)