Com o Galo Business Day, o Atlético-MG apresentou os números financeiros do clube. A dívida bateu R$ 1,2 bilhão. Uma quantia que assusta, mas que a diretoria pondera, destacando que a instituição possui um patrimônio maior. Os dirigentes traçaram metas. Uma delas é a redução da dívida do Atlético para R$ 341 milhões em 2026.
O vice-presidente José Murilo Procópio deu importantes informações em seu pronunciamento, confirmando logo no começo o valor da dívida do clube:
– O Atlético tem um passivo de R$ 1, 2 bilhão. Mas o Atlético tem patrimônio superior a isso. O que nos cabe é o que estamos fazendo, reduzir custos. Fizemos economia em média de R$ 100 mil por mês só no departamento jurídico. Não temos mordomia nenhuma no Atlético, não tem motorista ou segurança para ninguém. Eu ando solto por aí. Minha preocupação não é o passivo, e sim reduzir despesa.
Galo Business Day; Atlético-MG — Foto: Reprodução
Estiveram no Galo Business Day: o presidente Sérgio Coelho, o vice José Murilo Procópio, três dos chamados 4 R’s, grupo de apoiadores (Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães) e o presidente do Conselho do clube, Castellar Guimarães Filho. O presidente da CBF, Rogério Caboclo, e o secretário da entidade, Walter Feldman, foram espectadores do evento.
O diretor financeiro Paulo Braz destacou um dos cinco pontos que foram a base do evento atleticano: as finanças. Ele destacou o crescimento do patrimônio alvinegro no período.
“R$ 1,3 bilhão de patrimônio contábil. Crescimento de R$ 481 milhões de 2019 para 2020. E não tem aqui a mais-valia dos jogadores. O que daria mais do que R$ 1,5 bilhão.”
Braz apresentou que o clube ainda reduziu o quadro de funcionários, conseguindo uma economia considerável. Mais de 200 foram desligadas.
– O Atlético tem 531 pessoas (funcionários). Eram 736 pessoas. 205 pessoas foram desligadas. Economia mensal de 1.104 milhão de reais. R$ 1.209 bilhão é o endividamento do Atlético-MG ao fim de 2020. R$ 462 milhões de acréscimos. O Endividamento subiu, mas os investimentos também.
Na análise sobre os números atleticanos, o profissional ainda disse que o valor do elenco do futebol profissional ultrapassa os R$ 600 milhões. Sendo que, ano passado, foi realizado um investimento robusto na aquisição de atletas
“Investimos R$ 253 milhões em atletas (2020). O valor do elenco hoje é de R$ 630 milhões. Temos, sim, dívida, mas patrimônio muito maior.”
Objetivos do Atlético para ter uma saúde financeira:
- R$ 200 milhões de teto na folha salarial anual
- R$ 50 milhões em compras de atletas
- R$ 120 milhões em vendas de atletas
- 33% do elenco profissional seja de revelações da base
Paulo Braz encerrou traçando a meta de redução de dívida do Atlético: chegar em 2026 devendo R$ 341 milhões.
Colaborador do Galo, Rafael Menin destacou também a questão dos juros pagos pelo Atlético-MG em uma década:
– São R$ 500 milhões de juros gastos pelo Atlético entre 2010 e 2020. É assustador. Gastar dinheiro a “deus-dará” não dá certo no futebol. O Atlético se equipa para ter maior eficiência no que é investido e no resultado esportivo.
– São 42% do R$ 1,2 bilhão a pagar em prazo curto. Ou seja, R$ 508 milhões. O Atlético acumula déficit. Acontece há 40 anos. O Galo foi pedalando, e o problema foi crescendo – disse o colaborador alvinegro.
A dívida do Atlético com Ricardo Guimarães está em R$ 105 milhões. Rafael Menin disse que, se fosse uma dívida com outra figura, com custos, juros, correções, seriam R$ 250 milhões.
O vice-presidente atleticano, José Murilo Procópio, também mandou um recado aos credores. Ele garantiu que o Galo está disposto a negociar e pagar seus compromissos.
– Não vamos ficar de esconde-esconde. Queremos um desconto e prazo para pagar.
O evento
Diretor de comunicação do Atlético, André Lamounier disse que o clube planeja novas edições do Galo Business Day. O primeiro a falar foi o presidente Sérgio Coelho que destacou o evento como um marco.
– Um marco de transparência na nossa história. Forma de prestação de contas à sociedade, principalmente conselheiros do clube e os torcedores. Estamos tornando públicos os compromissos e metas da gestão, para que possamos ser cobrados.
Além de tratar das finanças, o Galo Business Day foi dividido em outros blocos: “Nossa equipe”, “Industria do Esporte”, “Nosso Projeto” e “Futebol”.
Nossa equipe
O CEO Plínio Signorini oficializou o “órgão colegiado” no organograma do clube:
- Sérgio Coelho – Presidente
- José Murilo Procópio – Vice
- Rubens Menin – Apoiador
- Rafael Menin – Apoiador
- Ricardo Guimarães – Apoiador
- Renato Salvador – Apoiador
– Somos quatro empresários apaixonados pelo Atlético. O clube tem executivos do mais alto gabarito. O papel do órgão colegiado não é decidir se o Atlético vai trazer um atacante, ou um zagueiro – destacou Rafael Menin.
O corpo executivo, sob comando de Plínio Signorini:
- Paulo Braz – Financeiro
- Luiz Fernando – Jurídico
- Rodrigo Caetano – Futebol
- Leandro Figueiredo – Negócios
- Rodrigo Messano – Infraestrutura
- André Lamounier – Comunicação
Indústria do futebol
Pedro Daniel, executivo da E&Y, apresentou o segundo bloco, sobre a indústria do futebol.
– O futebol é responsável por 0,72% do PIB. São quase R$ 50 bilhões movimentados nos clubes do Brasil.
O executivo da E&Y listou os desafios do futebol brasileiro: atratividade, acesso ao mercado internacional, calendário, direitos de transmissão, dependência de vendas de atletas, regulações, visão de longo prazo.
Pedro Daniel falou das tendências do futebol: inovação e tecnologia, mercado + scouting, apostas esportivas, geração de conteúdo, e-sports.
Rafael Menin comentou sobre a Arena MRV.
– Tem que ser um ponto de conexão com a torcida. Tem que ter um museu, visitação, característica da arena tem que ter alusão ao clube, um caldeirão, com setor popular, as cores da arena”.
Menin também falou sobre transformar a Cidade do Galo em um espaço para visitação.
– Trazer o torcedor dentro do clube gera engajamento maior.
Nosso Projeto
Plínio Signorini apresentou o quarto bloco:
- Equilíbrio financeiro
- Melhor infraestrutura
- Base reveladora
- Time protagonista
Foco do Atlético em questões gerenciais:
- Revisão de normas e políticas
- Revisão do estatuto social (de 2008)
- Implementação de auditoria interna
O Atlético estuda a alienação de ativos (imobiliários), a mudança da sede administrativa para a Arena MRV. Clube busca parceria imobiliária para a sede de Lourdes e na Vila Olímpica, além de naming rights da Cidade do Galo.
Os números do Galo na Veia (programa de sócio torcedor)
- Janeiro 2020: 19.283 sócios
- Dezembro de 2020: 58.091 sócios
- Meta para 2021: 80 mil
- Meta para 2022: 100 mil
As receitas de matchday do Atlético (anuais)
- R$ 11 milhões realizados em 2020
- R$ 40 milhões em 2021, mas considerando 19 milhões de bilheteria (o que não deve ocorrer)
- R$ 50 milhões em 2022 (com torcida no estádio)
- R$ 100 milhões em 2023
- R$ 110 milhões em 2026
Futebol
Apresentado pelo diretor de futebol Rodrigo Caetano. Diretrizes e projetos:
“Foco na gestão do departamento. Ênfase na utilização da base e investimento maior em mercado e scouting”
As atribuições do cargo de Rodrigo Caetano, segundo o próprio:
- Compra e venda de atletas
- Integração de áreas técnicas e administrativas do clube
- Controle de orçamento
- Apoio ao comando técnico
O diretor de futebol falou sobre formação e captação na base. Dois pontos chamativos.
- Aumentar o número de convocações para a seleção de base
- Acompanhamento e monitoramento de atletas da iniciação com idades inferiores a 14 anos
Ponto da utilização da base no Atlético:
– Proporcionar experiências competitivas internacionais aos atletas em formação.
“Temos missão de recuperar no Atlético o fato de ser referência de compra e venda de atletas, com boas negociações.” (Rodrigo Caetano)
O diretor de futebol falou sobre uma nova ferramenta de mercado, chamada de Transferoom.
– Aproxima os interesses dos clubes, sem a necessidade de qualquer intermediário. Se joga na ferramenta as nossas carências e os jogadores que temos interesse de negociar.
Rafael Menin analisou a presença de Rodrigo Caetano no Atlético:
– Renato (Salvador) foi rápido, fez o primeiro contato. Alexandre (Mattos) saiu e Rodrigo encerrava um ciclo no Inter. Escolhemos o melhor gestor do futebol brasileiro para fazer parte desse projeto. (Globo Esporte)