A Comissão Temporária da Covid-19 do Senado aprovou, nesta quinta-feira, 22, requerimento pedindo informações à Sinovac sobre a possibilidade de parceria com três grandes laboratórios brasileiros capazes de produzir vacinas contra a Covid-19. À pedido do relator da CR, senador Wellington Fagundes (PL-MT), o documento deverá ser endereçado ao presidente da Sinovac, Weidong Yin. A empresa tem sede em Beijing, na China.

Também à pedido do relator da CT, foi aprovado pedido para que o diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, preste informações sobre os documentos e contratos sobre o assunto. Segundo o senador, a indústria de saúde animal detém a tecnologia necessária para o cultivo, inativação e preparo de vacinas de vírus inativados, como é o caso de algumas das vacinas contra o novo coronavírus.

“É importante que essas informações sejam colocadas de forma transparente porque queremos conhecer melhor a viabilidade dessa parceria para produzir vacinas de vírus inativado, em quantidade suficiente para atender ao Brasil” – explicou o senador. A previsão é de que seja possível produzir até 400 milhões de doses de vacina.

O uso dos laboratórios do agro vem sendo discutido no âmbito da Comissão Temporária como a única alternativa capaz de fazer com que o Brasil possa ter vacinas suficientes para imunizar toda a população. Por sua vez, a Sinovac é a única que fornece vacinas com essa tecnologia no Brasil, em parceria com o Instituto Butantan.

Segundo Wellington Fagundes, a transferência de tecnologia já foi confirmada pelo próprio diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. O item está assegurado nas cláusulas de aquisição de insumos para produção de vacinas. O próprio Butantan trabalha na implantação de um laboratório capaz de aumentar a produção a partir do momento em que houver a conclusão dessa transferência.

Com o país atrasado na imunização da população, Fagundes ressaltou que o Brasil possui três plantas de nível NB3+ de biossegurança, com capacidade já instalada para produzir vacinas humanas e, assim, atender a toda a demanda por vacina do País, com produção completamente interna e sem depender de importação de insumos. Para isso, segundo ele, é necessário acelerar a transferência da tecnologia.

Ao defender o pedido oficial de informações, o senador do PL de Mato Grosso ainda ressaltou que a falta de vacinas é o principal fator para o cenário de atraso na vacinação, que nos conduziu ao colapso do sistema de saúde, com falta de leitos de terapia intensiva e carência de oxigênio medicinal, de medicamentos e de insumos essenciais.

Falta de verbas

Em audiência pública remota, da CT da Covid nesta quinta-feira, 22, representantes das secretarias de Saúde de estados e municípios alertaram para a falta dinheiro para manutenção de leitos e compra de medicamentos. Eles pediram que o Governo Federal aumente os repasses de recursos para garantir o adequado enfrentamento da pandemia.

Os secretários de Saúde de estados, Distrito Federal e municípios reforçaram que o Brasil tem capacidade para aplicar mais de dois milhões de vacinas por dia, mas a falta de imunizantes tem retardado o avanço do Plano Nacional de Imunização (PNI). Nas três primeiras semanas de abril, o Brasil já teve o seu melhor desempenho na imunização contra a covid-19 desde que a vacinação começou, chegando a uma média superior a 800 mil doses aplicadas, mas ainda aquém da capacidade, apontaram os secretários.