Anualmente o mês de março é “inaugurado” com artigos e reportagens sobre o Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 08. Entre perspectivas otimistas e pessimistas, os holofotes para o gênero feminino passeiam entre nossas conquistas, avanços, alguns retrocessos, dados sobre nossa participação – ou falta dela – em espaços públicos e privados e, claro, a velha ponderação sobre as flores e bombons. Neste ano, quis fazer diferente.
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Após os 31 dias de março de 2021 gostaria de fazer um balanço do que é ser mulher na sociedade brasileira. Começo fazendo o óbvio: lembrando que estamos em uma pandemia e que muitas mulheres foram ainda mais afetadas por ela. De acordo com o estudo “Violência Doméstica durante a pandemia de Covid-19”, o número de casos de feminicídio em 2020 cresceu 150% se comparado ao mesmo período (março e abril) de 2019. É triste e lamentável.
No cenário profissional a realidade também não é animadora. Muitas mães foram obrigadas a abandonar ou se afastar de suas carreiras para dedicar-se aos filhos, que com a suspensão das aulas presenciais permanecem em casa e necessitam de apoio nas aulas on-line.
Como disse ainda no começo de março para uma entrevista à TV Vila Real, é importante comemorarmos nossas vitórias, mas também é preciso ir além do apelo comercial. O Dia Internacional da Mulher, o mês de março como um todo, aliás, serve como lembrete de luta. Ainda temos características marcantes do machismo e a desigualdade ainda impera, apesar de todo o avanço nos poderes Legislativo, Executivo e, claro, Judiciário. Vale lembrar: uma sociedade mais igualitária e justa passa por representatividade.
E é esta representatividade que buscamos na Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Mato Grosso (OAB-MT), da qual orgulhosamente faço parte como vice-presidente. Por meio do Março Mulher, evento promovido anualmente pela Ordem juntamente com a Caixa de Assistência dos Advogados (CAA/MT) e Comissão do Direito da Mulher (CDM), dialogamos com mulheres de diferentes áreas buscando uma sociedade com mais equidade.
Foi em busca desta igualdade que debatemos a mulher na política, com a desembargadora presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Maria Helena Póvoas; a primeira suplente do senador Carlos Fávaro, Margareth Buzetti; e as vereadoras por Cuiabá, Edna Sampaio e Michelly Alencar; durante uma roda de conversa on-line no dia 17 de março. Também foi em busca de ações efetivas para combater a violência domésticas que reunimos a desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Maria Erotides Baranjak; a deputada federal Rosa Neide; a presidente do Conselho Estadual de Direitos da Mulher (CEDM), Glaucia Amaral; e a delegada titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM), Jozirlethe Criveletto; no dia 24 de março.
Dentre as dezenas de questionamentos, todas nós concordamos de forma unânime com uma solução: a mudança concreta nesta sociedade necessariamente deve passar pela educação. Através da educação será possível uma mudança na cultura brasileira e, portanto, no comportamento de todos. Temos uma das melhores leis quando o tema é, por exemplo, violência doméstica. Mas para fazer com que a legislação seja cumprida nós precisamos, enquanto mulheres e agentes sociais, ocuparmos ainda mais espaços de poder e mostrarmos que em uma sociedade mais igualitária todos nós – homens e mulheres – ganhamos. Assim, espero que a mensagem que o mês de março passa anualmente seja reverberada e, acima de tudo, permaneça nos meses, anos e, enfim, na vida de todas nós.
*GISELA ALVES CARDOSO é vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT)
CONTATO: www.facebook.com/gisela.alves.7