Um dos maiores atletas paralímpicos de todos os tempos, o carioca Andre Brasil está fora dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, que serão disputados em agosto deste ano. Nesta terça, a justiça alemã negou o recurso do nadador de 36 anos, que questionou decisão do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) sobre sua elegibilidade para o esporte adaptado. Ele ainda pode recorrer, mas não a tempo de disputar a Paralimpíada este ano.
– Já estou há quase dois anos nesse processo e o que mais machuca é a espera. Uma profunda tristeza quanto à notícia de hoje. É uma vida dedicada a isso. A natação não é só meu trabalho, é a minha vida. Tenho 36 anos, faço 37 a pouco mais de um mês. Meus planos foram tomados sem ao menos um entendimento. Seriam os meus últimos Jogos Paralímpicos. Mataram os meus sonhos – disse Andre.
Carioca buscou reparação na Justiça comum — Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB
– Dentro de 14 anos tive muito contato com classificadores. Antes, se o atleta passasse por duas bancas examinadoras, ele ficava elegível por um longo tempo. Mudaram isso a partir de 2010 com reclassificações a cada competição. Em 2019, após 14 anos na natação paralímpica me tornaram inelegível. Foi um processo injusto, porque houve uma interferência externa na minha banca examinadora – explicou Andre.
Após ter o seu pedido negado, o nadador e o CPB procuraram a Justiça Comum. Como a sede do IPC fica na Alemanha, o caso foi parar em um tribunal local na cidade de Bonn. Nesta terça, a Justiça entendeu que não houve irregularidades na reclassificação. Com isso, Andre teve mais uma derrota judicial no caso.
– Um fisioterapeuta colocou que eu tinha grau 3 de força na perna. Eu consigo provar que tenho grau zero. Há um teste numa máquina do CPB que confirma o que estou falando. Estou lutando por um direito que é meu – comentou.
Andre Brasil no Parapan de Toronto 2015 — Foto: Divulgação/MPIX/CPB
Ainda triste com a notícia desta terça, Andre não sabe qual será o seu próximo passo. Sem planos de disputar os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, ele vai conversar com o seu corpo jurídico para ver quais são suas reais possibilidades de voltar ao esporte.
– Me considero profissional da natação desde 11 anos de idade, quando comecei a ter a minha primeira ajuda de custo. Respiro isso desde então. No momento, não tenho tenho ideias do que vou fazer, não tenho planos. Só sei que tenho que dar uma repensada. Só sei que estou muito triste com tudo o que está acontecendo. O esporte que deveria ser inclusivo foi excludente comigo – finalizou. (Globo Esporte)