Com o sistema de saúde colapsado há alguns dias, e a dificuldade para abrir novos leitos para receberem pacientes acometidos pela Covid-19, o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso (Sindessmat), protocolou na semana passada (25.03), ofício no Ministério Público Estadual (MPE), alertando sobre uma possível falta de insumos e equipamentos para o tratamento da doença. Entre os alertas apontados pelo Sindessmat se destacam os equipamentos para ventilação mecânica, os medicamentos que compõem o chamado “Kit Intubação” e o desabastecimento de oxigênio nas unidades.

A medida serve também como um alerta, visto que, somente de primeiro a 23 de março, Mato Grosso registrou 1.227 mortes por Covid-19, recorde desde o início da pandemia para um mês, superando julho de 2020, quando atingimos o pico da primeira onda, registrando 1.213 mortes. Até ontem (26.03), Mato Grosso registrou 297.712 casos e 7.168 óbitos por Covid-19.

Este aumento significativo de pacientes que demandam atendimento hospitalar, fez com que as unidades particulares relatassem ao Sindessmat sobre o risco de suspender temporariamente o recebimento de novos pacientes em seus Pronto-Atendimentos.

“Apesar dos esforços diários em ampliar a capacidade de atendimento, a demanda por novos leitos é maior do que a capacidade de ampliação e, por isso, não estamos conseguindo dar vazão aos pacientes que já estão em atendimento, o que agrava a escassez de disponibilidade de leitos no sistema de saúde”, explica a diretora executiva do Sindessmat, Patrícia West.

Além disso, alguns hospitais reportaram ao Sindessmat preocupação com seus estoques, e relatam a utilização de todos os equipamentos de ventilação mecânica, inclusive os de reserva, e a dificuldade em adquirir novos equipamentos; baixa nos estoques de medicamentos do chamado Kit Intubação e a dificuldade na aquisição, gerando alto risco de desabastecimento em decorrência da escassez em âmbito nacional; e risco moderado de desabastecimento de oxigênio que pode ser agravado pelo aumento na demanda em todo o Brasil.

“Reforçamos que os hospitais da rede privada adotam todas as medidas necessárias e possíveis para atender toda a demanda, mas diante do crescimento diário do número de novos pacientes, estas medidas não se mostram suficientes. Ressaltamos o compromisso dos hospitais em garantir a segurança dos pacientes que já estão internados, bem como dos que adentram as unidades, além de dar condições adequadas aos profissionais envolvidos nesta luta”, afirma Patrícia.

Ainda no ofício, o Sindessmat alerta que se o número de novos casos continuarem crescendo há risco de desabastecimento de insumos e o esgotamento da capacidade de atendimento pela rede privada em Mato Grosso. O que poderá gerar a suspensão temporária do recebimento de novos pacientes nos Prontos Atendimentos dessas unidades.

Insumos

O Sindessmat alerta ainda as dificuldades enfrentadas pelos hospitais particulares na aquisição de insumos básicos do dia a dia no atendimento aos pacientes, como luvas e máscaras. As unidades têm enfrentado altas significativas, de mais de 100% nestes materiais. “Nosso desafio diário é atender todos os pacientes com toda estrutura necessária, sem deixar faltar nada. E estamos absorvendo custos altos e prejuízos, sem apoio ou nenhum tipo de auxílio por parte do poder público”, apontou.