Delegados da Polícia Federal de Cuiabá revelaram – em coletiva com a imprensa – realizada no final da manhã de quarta, 31, que um gerente da Caixa Econômica Federal e dois servidores efetivos do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso(TRE/MT) foram presos por policiais federais na Operação “Et Caterva”, realizada pela PF em Mato Grosso e mais 11 estados brasileiros.

A Operação desarticulou uma Organização Criminosa especializada em aplicar fraudes no benefício social auxílio emergencial e em precatórios judiciais. O grupo criminoso fraudava títulos eleitorais para sacar o auxílio emergencial há vários anos.

O ‘cabeça’ reside em Goiânia e também foi preso na Operação em um leito de hospital. A parte de fraudes dos títulos eleitorais cabiam aos servidores do TRE/MT e era comandado pelo Secretário de Tecnologia da Informação Aílton Lopes dos Santos Júnior. Os dois foram presos.

O gerente da Caixa Econômica Federal e outros servidores da Caixa compartilhavam os dados dos beneficiários e autorizavam os saques. “Os saques ocorriam até mesmo com beneficiários do auxilio emergencial já falecidos”, disse os delegados.

Um dos Modus Operanti dos criminosos era usar fotos no e-título com dados das vítimas. Segundo a PF houve 1.570 saques e que foram realizados pela quadrilha entre abril de 2020 até março de 2021, resultando em um desvio de R$ 1,3 milhão.

A dinheirama era pulverizadas em diversas contas de laranjas.

A ação da PF teve apoio da Caixa Econômica Federal e contou com a participação de cerca de 300 Policiais Federais, que cumpriram, doze mandados de prisão, setenta e sete mandados de busca e apreensão e sequestro de bens e, ainda, nove medidas de suspensão do exercício da função pública.

Os mandados que foram expedidos pelo Juiz da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária de Cuiabá/M, foram cumpridos nos Estado de Mato Grosso e em outros 11 estados da Federação.

As ações resultaram no levantamento ilegal de mais de R$ 13.000.000,00 (treze milhões de reais) em precatórios judiciais, além de mais de R$ 2.700.000,00 (dois milhões e setecentos mil reais) em tentativas de saques em várias regiões do país.

A investigação apontou que a organização criminosa cooptava servidores da Caixa Econômica  que forneciam informações sobre precatórios à disposição para saque. O grupo investigado é composto por um número significativo de pessoas, dentre elas advogados e funcionários públicos.

Aílton Lopes dos Santos Júnior, Secretário do TRE-MT.

O esquema criminoso se dava com a confecção de documentos falsos, os quais eram forjados com os dados dos beneficiários dos precatórios e as fotografias dos estelionatários, os quais se dirigiam ao banco para realizar os saques.

O nome da Operação, “Et Caterva”, se trata de expressão em latim, utilizada de forma pejorativa, que denota a ideia de um grupo de comparsas, visto que a investigação identificou um grupo de pessoas que se uniram no propósito de cometer os delitos hoje desarticulados.

TRE/MT emite nota

Considerando a Operação ET Caterva, deflagrada pela Polícia Federal no início desta quarta-feira (31), para investigar um grupo que promoveu fraudes em precatórios e no auxílio emergencial. Considerando que um dos investigados, Ailton Lopes dos Santos Júnior, é servidor efetivo da Justiça Eleitoral de Mato Grosso, o TRE informa que:

1 – Nesta manhã, prestou total apoio a Polícia Federal no cumprimento de mandado nas dependências da Instituição, ocasião em que equipamentos e documentos foram apreendidos.

2 – Permanecerá à disposição da Polícia Federal para auxiliá-los com a entrega de novos documentos, informações, esclarecimentos ou qualquer outra medida que seja necessária para a eficácia da investigação e elucidação dos fatos.

3 – Que aguardará o desenrolar das investigações para adotar as providências legais e administrativas de sua competência, no entanto, por precaução, irá afastar o servidor investigado do cargo de chefe de seção que atualmente exerce. A medida temporária é necessária para garantir a lisura do processo.

4 – O TRE-MT lamenta ter um servidor efetivo investigado por prática ilícita, situação essa nunca vivenciada em toda a sua história. A Instituição sempre defendeu e exigiu que seus servidores tenham conduta compatível, não somente com a moralidade administrativa/funcional, mas também, com a moralidade social em sua vida particular, portanto, fará de tudo para garantir que esses princípios éticos sejam respeitados em nossa sociedade.