Acordamos segunda feira (15/03) com esperança de que pudesse haver mudança na condução da pandemia, mas durou pouco nossa alegria. A cardiologista Ludhmila Hajjar, após entrevista com o Presidente Bolsonaro, recusou o cargo de Ministra da Saúde ao perceber que não teria liberdade de tocar a pasta, conforme suas convicções. Na verdade, parece que o Presidente estava só querendo uma pessoa de prestígio no meio médico que obedecesse cegamente suas ordens, como o Sinistro Pesadelo, ops, Ministro Pazuello.

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Mesmo não aceitando o cargo, ela com didática clara, serenidade e elegância verbal – coisas muito raras neste governo – expôs nas entrevistas que concedeu, sua opinião sobre a pandemia e mostrou caminhos claros para conter a doença. Confirmou que a vacina é o bem maior a ser perseguido, mas que, ao mesmo tempo, há de se implantar urgentemente medidas para diminuir o contágio.

 

Sobre o tratamento preventivo ou mesmo curativo com substâncias ineficazes (cloroquina, ivemerctina) ela disse que no começo da pandemia, quando nada se conhecia da doença, muitos médicos receitaram tais fármacos. Acrescentou, todavia,

que isto já ficou distante e que agora este assunto é coisa totalmente ultrapassada.

Estudos randomizados – diz ela – comprovaram que eles não têm qualquer efeito benéfico e que, ao contrário, podem prejudicar o tratamento. Faltou dizer – só não o fez porque é uma pessoa polida – que ninguém, exceto o nosso Presidente, acredita mais nessas falácias. No mesmo dia soubemos que não temos a vacina Sputinick V, porque o ex-presidente americano Donald Trump, através de seu Ministério da Saúde, pressionou o governo brasileiro, como mostra cópia de memorando divulgado na imprensa, para não comprar a vacina da Rússia.

 

Assim o ídolo do bolsonarismo, além de ter deixado seu país em uma situação sanitária lastimável, ainda plantou aqui a semente da insensatez, cujos abundantes frutos estamos colhendo agora. Nos Estados Unidos o novo presidente conseguiu reverter a situação, mas nós pioramos a cada dia, sem a esperança que um Biden brasileiro nos tire da agonia.

 

Neste mesmo dia agitado, o presidente escolheu para o Ministério o cardiologista Marcelo Queiroga, pessoa bem relacionada no meio médico, inclusive positivamente avaliado pela Dra. Ludhmila. O problema é que, ao que parece ele não tem a menor intenção de contrariar o Presidente e nem se pode cobrar-lhe isto. Afinal, como ele mesmo disse, decisões políticas cabem ao chefe.

 

Por mais que a gente queira dar um voto de confiança para o Queiroga, ele teima em dificultar essa boa vontade. Sua atitude manifestada de visitar as UTIs para confirmar se estão mesmo lotadas e se as pessoas realmente estão morrendo de Covid, mostra que ele está mais propenso a negar a pandemia para alegrar o patrão, do que combatê-la como deve.

 

Enquanto isso, para nossa angústia, o Lula, sagaz como poucos, vai se manifestando a favor da ciência, da tecnologia e da vida, ao tempo em que recebe a injeção da vacina. Também, politicamente inclina-se ao centro, tentando acrescentar ao seu eleitorado cativo, os órfãos do bolsonarismo e outros desiludidos.

 

Insisto ainda uma e outra vez: se as coisas continuarem como estão, voltaremos a ser governados pela esquerda, sem ao menos termos experimentado os reais valores do liberalismo.

*RENATO DE PAIVA PEREIRA   é empresário e escritor em Mato Grosso.

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