O anúncio de que residentes no exterior não serão permitidos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020 foi um balde de água fria para torcedores de todo o mundo. A notícia foi divulgada na manhã deste sábado, após uma reunião extraordinária entre o Comitê Organizador, os Comitês Olímpico Internacional (COI) e Paralímpico Internacional (IPC).
Conhecida como a maior torcida organizada do esporte olímpico brasileiro, os “Chapolins” já tinham reservado hotel, comprado ingressos e passagens em 2019. Mesmo com o adiamento do evento anunciado há praticamente um ano, no dia 23 de março de 2020, o grupo de 15 apaixonados por esporte ainda tinha esperança de torcer e fazer barulho para os atletas brasileiros no Japão. Cada um teve um custo aproximado de R$ 15 mil com o pacote completo.
– Honestamente, eu recebi a notícia de que os estrangeiros não poderão ir aos Jogos de uma forma mais tranquila, eu já sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Com o crescimento do vírus, mesmo com a vacinação avançada em alguns lugares do mundo, já imaginava que não poderia ter público. Estou até surpreso com a presença de público japonês – disse Gustavo Cardoso.
Conhecida como a maior torcida organizada do esporte olímpico brasileiro, os “Chapolins” já tinham reservado hotel, comprado ingressos e passagens em 2019 — Foto: Wander Roberto/Photo&Grafia
Gustavo Cardoso, que é agente de viagem, fez todo o planejamento do grupo. Somente em ingressos, foram gastos aproximadamente R$ 120 mil. O objetivo era acompanhar as disputas de pelo menos oito modalidades: vôlei, vôlei de praia, judô, canoagem, taekwondo, ginástica artística, handebol e esgrima.
– Muitos dos ingressos eram de sessões de medalha em dias muito especiais para o Brasil. A final da trave que poderá ter a Flávia Saraiva, a final de barra fixa com Arthur Nory, a final da categoria da Mayra Aguiar no judô, finais do vôlei de praia e a sessão final da espada feminina, que poderá contar com uma brasileira pela primeira vez na história, a Nathalie Moellhausen – lamentou Erik de Oliveira, que ia para a sua segunda competição in loco. A estreia nas arquibancadas olímpicas foi nos Jogos Rio 2016.
O Comitê Organizador afirmou que ainda não fechou uma estimativa com o número de torcedores que viajariam ao Japão, mas confirmou que cerca de 600 mil ingressos foram vendidos para as Olimpíadas e 30 mil para as Paralimpíadas para estrangeiros. Todos serão reembolsados, mas os detalhes do processo ainda não foram divulgados.
No caso específico do grupo brasileiro, as passagens aéreas foram compradas em 2019. A preocupação do agente de viagens é o prazo máximo para reemissão dos bilhetes que vai até novembro deste ano.
– Eu duvido que até novembro o Japão tenha aberto as suas fronteiras, então, mesmo quem queira viajar para o Japão irá enfrentar problemas – argumentou Gustavo.
A organização dos Jogos disse que só divulgará o impacto financeiro da medida após a definição da capacidade das arenas, que também deve acarretar em devolução de ingressos destinados ao público doméstico. Esta decisão será tomada e anunciada em abril, quando espera-se que a situação da Covid-19 no país esteja melhor.
– Apesar de já esperar por essa decisão e concordar muito com ela, não deixa de ter uma pontinha de frustração e tristeza, né? São anos nos planejando, investindo e sonhando com esse momento. Mas entendo que a saúde hoje deve ser o foco principal de todos nós e que seria egoísmo querer a presença do público a qualquer custo. Seria muito perigoso um país receber torcedores do mundo inteiro com as várias cepas do coronavírus que estão surgindo nos mais diferentes pontos do planeta – refletiu Erik.
Tradicionalmente, a venda de ingressos é a terceira maior fonte de receita das Olimpíadas, perdendo apenas para os direitos de transmissão e patrocínios âncora. A situação e as regras sobre a ida de parentes de atletas e voluntários ainda não foram divulgadas. (Globo Esporte)