O Vasco não foi o único grande do país a se beneficiar, já acontecera com o Cruzeiro, por exemplo. Mas a forma como resistiu nos minutos finais ao bom time da Caldense para assegurar o 1 a 1 apenas prova o quanto é sem sentido o regulamento da primeira fase da Copa do Brasil. Um protecionismo aos grandes que, em início de temporada, lutam pela sobrevivência num torneio que distribui muito dinheiro. A análise é do jornalista Carlos Eduardo Mansur.
Quanto a projetar o que será o Vasco de Marcelo Cabo, o jogo deixa mais dúvidas do que certezas, o que é natural a esta altura de um trabalho embrionário. Mas o segundo tempo trouxe grandes preocupações.
Começando pela pior parte do jogo, os 35 minutos finais, é difícil dizer o quanto o plano de jogo do primeiro tempo cobrou um preço na segunda etapa. Mas o Vasco disposto a jogar no campo ofensivo, marcar por pressão e tentar sufocar o rival, foi desaparecendo. Entre outras coisas, por questões físicas naturais do segundo jogo da temporada do elenco principal.
Mas o crescimento da Caldense expôs outras questões. O Vasco viu seu meio-campo ser engolido e oferecer muitos espaços à frente da área. Foi apenas o primeiro jogo em que Marquinhos Gabriel começou como titular. A dúvida é se, mesmo com o tempo de trabalho, o meio-campo formado por ele e por volantes com as características de Andrey e Bruno Gomes se mostrará pouco competitivo. Fazer o time jogar da forma mais compacta possível será imprescindível.
O Vasco passou boa parte do segundo tempo com enorme dificuldade de recuperar bolas, não melhorou sequer com a entrada de Juninho no lugar de Marquinhos Gabriel, e viveu de bolas longas sem ter um homem capaz de disputar pelo alto ou se impor fisicamente. E, por falar no ataque, Talles Magno segue longe do rendimento ideal.
Nos 15 minutos em que esteve em campo, Cano praticamente não jogou. Como acontecera com Tiago Reis desde o primeiro tempo, aliás. Apesar do controle do jogo e do volume na primeira etapa, o Vasco teve pouca presença de área e finalizou pouco.
Ao mesmo tempo, no 4-2-3-1 de Marcelo Cabo, os pontas ganham alguma liberdade para buscar o centro do ataque. É vital num time que carece de pisada na área. Num lance, Gabriel Pec infiltrou e quase marcou. Nas laterais, Zeca fez partida correta na direita e MT, um meia de origem, teve bons momentos quando atacou por um corredor mais central.
Jamais se imaginou que 2021 seria um ano de voo de cruzeiro num clube em profunda dificuldade econômica e necessitado de uma dura reestruturação. Ela se reflete no campo, com muitas saídas de jogadores e um elenco que ainda deve ser mexido. Esperar um time pronto, a esta altura, seria insano. (Globo Esporte)