Um estudo publicado na 2ª feira (15.mar.2021) indica que tanto a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca quanto a desenvolvida pela Pfizer foram capazes de neutralizar a variante brasileira do coronavírus, conhecida como P.1. identificada no Amazonas.
A pesquisa, disponível no BioRxiv, foi realizada por pesquisadores de Oxford e da Fiocruz Amazônia.
Os cientistas analisaram amostras de soro de 25 pessoas que receberam a vacina de Oxford e de 25 que receberam a da Pfizer. Avaliaram 3 cenários: anticorpos induzidos pela vacina, anticorpos produzidos por quem já teve a doença e os chamados anticorpos monoclonais. Nos 2 primeiros, o resultado foi mais positivo.
Eis a íntegra do estudo, em inglês (7,85 MB).
Houve perda de neutralização na comparação com as cepas mais comuns, mas o efeito das vacinas em relação à P.1. não ficou comprometido.
Também em relação à variante britânica do coronavírus, conhecida como B.1.1.17, as vacinas conseguiram neutralizar a cepa.
O estudo foi feito in vitro. Ainda faltam pesquisas para testar a eficácia das vacinas em seres humanos.
Mas estudos com humanos no Reino Unido já comprovaram que essa pequena perda no nível de anticorpos não compromete o efeito dessas vacinas.
Sue Ann Costa Clemens, coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil e uma das autoras do estudo, disse que a cepa brasileira e a cepa britânica se comportam de maneira parecida.
No caso da variante britânica, a taxa de eficácia da vacina caiu de 80% para 75%.
Na comparação com as cepas mais comuns, a neutralização da Pfizer contra a P.1 teve redução de 2,6 vezes. A da Oxford, de 2,9 vezes.
Os resultados representam desempenho parecido com o da variante britânica, mas diferente do observado com a variante da África do Sul, contra a qual as reduções foram de 7,6 (Pfizer) e 9 vezes (Oxford).
Os autores apontam que a P.1 é menos resistente aos anticorpos naturalmente adquiridos ou induzidos pela vacina que a sul-africana .