O crescente número de mortos pela covid-19 no país pode levar as fábricas de caixão à exaustão, comprometendo os volumes e prazos de entregas de urnas para as empresas de serviços funerários.
“Pode haver desabastecimento”, alerta Antônio Marinho, presidente da Afub (Associação dos Fabricantes de Urnas do Brasil). Ainda, segundo ele, já falta matéria-prima para as fábricas. “[Estão em falta] Principalmente o MDF [painel de madeira], o TNT [tecido não tecido, feito de polipropileno] e o aço. Esses produtos sumiram do mercado”, acrescentando que, caso a situação persista, será inevitável um desabastecimento pontual em diversas regiões.
Marinho explica que, historicamente, as fábricas brasileiras de urnas produziam cerca de cem mil unidades por mês. Com a pandemia de covid-19, houve um aumento de aproximadamente 20% na produção. A Afub reúne as 15 maiores fabricantes de urnas do Brasil e detém cerca de 70% do mercado nacional.
O empresário explica que, desde o início da pandemia, os caixões tiveram os preços elevados em 20%. “O MDF, desde julho do ano passado, está tendo um aumento mensal de 8%. O aço teve os preços elevados em 150% no período. O TNT teve reajuste superior a 60%”, diz o empresário. “Tivemos queda na margem de lucro, não houve condições de repassar todo o aumento de 20% dos custos para os preços das urnas”, afirma.
Estoques estratégicos
O Serviço Funerário de São Paulo, que administra 22 cemitérios públicos e um crematório no município, pediu no contrato com as indústrias de caixão que as empresas antecipassem a entrega de 42.867 urnas funerárias, previstas para 2021.
De acordo com o Serviço Funerário, o volume é suficiente para atender a demanda dos próximos seis meses. Hoje, há um estoque estratégico de 9.748 urnas funerárias, o equivalente para atender a demanda de 40 dias do município de São Paulo.