O deputado estadual e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT) afirmou que as medidas anunciadas pelo governador Mauro Mendes (DEM), na segunda-feira (1º), com restrições à noite e aos fins de semana, são insuficientes para conter transmissão do coronavírus em Mato Grosso.
Ele explicou que é necessário decretar quarentena em todo o território do Estado, por pelo menos 14 dias, para reduzir as taxas de transmissão do vírus SarsCov-2.
“O coronavírus não circula só à noite. O vírus circula 24 horas por dia. O sistema de saúde está em colapso. Novas variantes, mais contagiosas, circulam no estado. Então essa decisão do governador é insuficiente e inadequada para a realidade que a estamos vivendo agora. É necessária a quarentena obrigatória em todo o território de Mato Grosso. Uma decisão que já deveria ter sido tomada há mais de um mês, quando o cenário de hoje já estava desenhado, e alertamos o governador sobre isso”, afirmou o deputado
Lúdio Cabral disse que é preciso restringir o funcionamento das atividades econômicas não essenciais e suspender as atividades presenciais nos órgãos públicos e nas escolas.
“Não tem sentido as crianças irem para a escola durante o dia e voltarem para casa à noite para cumprirem o toque de recolher. Temos que diminuir a circulação de pessoas ao longo de todo o dia para proteger os trabalhadores dos serviços essenciais, que terão que continuar trabalhando”, observou.
“Faltou coragem ao governador, que, mais uma vez cede, à pressão de setores da economia. As indústrias, por exemplo, devem ter seu funcionamento suspenso, pois aglomeram dezenas, centenas de trabalhadores nas linhas de produção. Quanto mais os governos insistirem na falsa dicotomia entre medidas de saúde e proteção à economia, mais tempo a economia vai sofrer. A quarentena precisa ser acompanhada de medidas de proteção econômica à população e aos setores econômicos mais vulneráveis”, completou.
Lúdio voltou a recomendar que a Secretaria de Estado de Saúde mude a forma de calcular a Taxa de Crescimento da Contaminação, e passe a considerar a relação entre a média móvel de 14 dias do número de casos novos notificados no dia da divulgação do boletim epidemiológic,o e a mesma média móvel de 14 dias antes.
Esse método é seguido pelas autoridades sanitárias e pelo consórcio de veículos de imprensa, e retrata de forma mais correta a situação da pandemia de covid-19.
“Se o governador corrigisse a forma como calcula a taxa de crescimento de contágio e seguisse o próprio decreto que assinou em junho do ano passado, ele teria que determinar quarentena obrigatória em todo o Estado. As taxas de ocupação de leitos de UTI já significam um colapso na saúde. A ocupação só não é total por causa da rotatividade resultante da alta mortalidade nas UTIs”, completou Lúdio Cabral.