Um relatório da Força Tarefa da Polícia Judiciária Civil que cuida das investigações da chamada grampolândia pantaneira, aponta que o ex-secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, além de obter informações privilegiadas junto ao Ministério Público Estadual (MPE) no início das investigações em 2017, também buscava fomentar uma briga entre o MP e o Poder Judiciário de Mato Grosso, para atrapalhar as investigações.

As informações constam no relatório da perícia feita no celular de Jarbas apreendido durante sua prisão no mesmo ano por obstrução de justiça.

Para a Força Tarefa, os diálogos recuperados comprovariam que Rogers Jarbas buscava articulações políticas, trazendo para si a responsabilidade de dar suporte ao grupo político, de forma a blindar o governo.

Em um dos diálogos, em um grupo de whatsapp denominado Sem Arapongagem, Jarbas, o ex-governador Pedro Taques e demais ex-secretários, comentam uma reportagem sobre a declaração do então desembargador do Tribunal de Justiça, Orlando Perri, que criticou o MP por não ter denunciado o ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, Airton Siqueira.

“Nesse momento o investigado envia mensagem, segundo ele, quanto mais esta fala do Perri for noticiada, melhor, diz. E que no mínimo a associação do MP irá se manifestar, que o inquisidor ficará puto”, completa.

“E continua afirmando que existe uma pequena crise instalada, e isso fará com que use energia com MP e menos com a gente”, disse Jarbas se referindo a membros do grupo.

Nesse momento o governador Pedro Taques diz que o MP não vai fazer nada, são medrosos. Já Jarbas acredita que a associação do MP falaria: basta cutucar, diz.

O ex-secretário de Comunicação, concorda, mas diz que não tem acesso para tal articulação. Solte nos sites, o resto resolvo, afirma Rogers Jarbas.

“Fica evidente que este grupo foi criado para tratar de assuntos relacionados à investigação especial dos grampos ilegais, que o investigado e os membros do grupo agiam para articulação de forma que prejudicasse a investigação. Aparentava ter confiança nas ações do Ministério Público”, pontua o relatório das conversas.

Já em outro diálogo, Jarbas conversa com o então governador Pedro Taques por Whatsapp, informando que Representação já esta na PGJ. Perri já despachou, diz. Taques pergunta qual seria o documento. Estou tentando saber, lhe aviso.

Outro lado
A reportagem não localizou o ex-secretário Rogers Jarbas para comentar os diálogos. Já o Ministério Público até o fechamento desta edição, às 21 horas, não se posicionou.

(Jornal A Gazeta)