Embora o mundo só avance quando os acordos e consensos acontecem, o que implica equilíbrio e mediação, sabemos que de tempos em tempos os grupos extremistas ganham espaço e discursam radicalmente pelas beiradas da vida e só param quando caem na condenação ou nos precipícios da história. Recentemente foi assim com o nazismo e com o fascismo, mas também se aplicam as ditaduras, seja se Stalin ou de Pinochet, só para ficar em dois exemplos. Entre estes há os anônimos que assumiram a defesa de tais discursos e depois foram extintos pelo Estado ou pelas doenças emocionais causadas pela própria exclusão.
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Vários escritores que analisaram as consequências do nazismo e do facismo, por exemplo, relatam que a grande maioria dos condenados e perseguidos na verdade não passaram de propagadores dos ideais de Adolf Hitler. Não eram pessoas que pegaram em armas ou sequer transitaram entre os verdadeiramente influentes. Já aqueles que comungaram dos ideais após tomarem ciência dos relatos do holocausto entraram em depressão e enfrentaram o inferno de suas próprias consciências.
Vivemos tempos onde as redes sociais estimulam as pessoas a manifestarem publicamente suas opiniões sobre tudo e todos. Mesmo as não qualificadas, ou as induzidas por grupos de interesse, políticos extremistas que usam de certas indignações com os rumos do país como forma de estímulo para as manifestações, somado ao patrulhamento ideológico, o enredo é sempre o mesmo: “corajosos” que serão rotulados como os “bandidos” de amanhã.
As consequências do negacionismo e dos incitadores são sempre danosas para o indivíduo que os praticam, pois tem gente se afastando de amigos e de parentes por debates e opções políticas. Acontece que o “companheiro” militante de ideias radicais só comunga com os seus enquanto estes forem úteis. Na doença, na pobreza ou na tristeza os ignorarão e jogarão no ostracismo. O que resta no fim é morrer na cadeia ou se desintegrar na solidão da própria existência. No mundo caminha pelo meio e nunca pelas beiradas.
Franklin Roosevelt já afirmava que “um radical é um homem com os pés firmemente plantados no ar”. Até porque embora o sol seja para todos, tenho sempre que levar em consideração que as nossas verdades são apenas nossas e estão longe de ser as verdades dos outros que estão sob o mesmo sol. Nossos desejos e verdades não servem para todos os outros.
No radicalismo sempre sobra riqueza de detalhes na crítica aos outros e cegueira plena na autocritica aos seus. A psicanalise e a psiquiatria, enquanto ciências do comportamento, tem vários estudos que mostram o sofrimento interno ou pela frustração ou pela solidão, uma vez que a médio e a longo prazo serão vítimas da exclusão social.
Augusto Cury escreveu que: “Os piores inimigos de uma teoria são aqueles que se aderem radicalmente a ela, que não tem coragem para filtrá-la ou reciclá-la”. O mundo não precisa de intolerância; nem nas ideias muito menos nas falas ou ações. O caso recente do Deputado Federal Daniel Silveira é um exemplo clássico das consequências do tresloucamento mental causado pelo extremismo.
O extremo tem custo alto e se tornam dispensáveis com muita brevidade. A pessoa humana necessária ao nosso tempo não pode ser um extremista obsessivo e de ideias fixas, mas sim aquele que não teme o diálogo com os diferentes, não teme ouvir, não teme o desvelamento do mundo. Não teme o encontro com o diferente que resulta no crescente saber de ambos. Não se sente dono do tempo, nem dono dos homens, nem libertador dos oprimidos e injustiçados. É preciso ser feliz. É necessário ser sociável para fazer um mundo melhor.
*JOÃO EDISOM DE SOUZA é Articulista, Professor de Ciências Política, Consultor Político, Gestor de Comunicação, Imagem e Crise, Comentarista político da rádio Jovem Pan – Jornal da Manhã.
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