A crise que atingiu o mercado de trabalho com a pandemia de coronavírus não chegou a alguns setores, que precisam de reforços. Enquanto o Brasil registrou o recorde de 14 milhões de desempregados, empresas dessas áreas disputam profissionais e se queixam da dificuldade em encontrar mão de obra especializada.
O mercado de trabalho está aquecido para profissionais de tecnologia, comunicação, recursos humanos, engenharias renováveis e marketing digital.
A função de desenvolvedor é a mais requisitada entre todas. Uma pesquisa realizada no Brasil pela multinacional Robert Walters, especializada em recrutamento, indica que a procura por este cargo disparou 169% em 2020. Veja a seguir quais os perfis mais procurados e como se qualificar.
Vagas em TI e comunicação se destacaram em 2020
Segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), foram 54 mil novos postos de trabalho em TI e comunicação entre janeiro e novembro de 2020, o que significa um crescimento de 3,5% em relação ao ano anterior. A Brasscom estima que o mercado deve precisar de 70 mil profissionais por ano nessas áreas até 2024.
Dados do Ministério da Economia mostram que os setores de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas tiveram um saldo positivo de 208 mil empregos com carteira assinada em 2020. Esse foi o melhor resultado dentre todas as atividades analisadas no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Salários dos cargos em alta
O levantamento de salários para 2021 feito pela Robert Walters tem 96 cargos de áreas específicas —você pode pesquisar por diversas profissões no site da multinacional (em inglês). As principais funções consideradas em alta estão na tabela abaixo.
Pesquisa de cargos e salários
Robert Walters 2021
Salário em R$ de acordo com o tempo de experiência na função:
Busca por desenvolvedores dispara
Números da Robert Walter indicam que sobram entre 11 mil e 19 mil vagas para desenvolvedores e engenheiros de software no Brasil. Essa é a diferença entre o número de profissionais que se formam e os que o mercado precisa.
E qual a função desses profissionais? “O desenvolvedor é o profissional responsável por criar e integrar sistemas que facilitem grande parte dos processos organizacionais”, responde Tatiana Chebat, consultora de recrutamento para tecnologia.
Segundo Chebat, a busca das empresas por digitalização se intensificou com o objetivo de aumentar a eficiência dos processos e de reduzir custos. Além disso, em vez de terceirizar esse serviço, as empresas têm priorizado a criação de softwares por profissionais contratados.
Falta de cursos específicos para desenvolvedores
Os perfis mais valorizados e procurados hoje em TI são os desenvolvedores que lidam com sistemas Java, Angular e DevOps, segundo a Robert Walters.
Tatiana Chebat afirma que faltam cursos qualificados no Brasil que preparem os desenvolvedores para as competências exigidas nos processos seletivos.
Consequentemente, o candidato que tem experiência naqueles sistemas tende a disputar vagas com altos salários de admissão. Como faltam cursos, algumas empresas estão priorizando treinamentos e criando núcleos de tecnologia para capacitar profissionais.
Mas a qualificação técnica não é tudo. Além do conhecimento, as empresas procuram desenvolvedores com capacidade de comunicação, relacionamento interpessoal e habilidades comerciais, afirma Chebat.
Outros cargos com mais vagas do que candidatos
Segundo Richard Townsend, gerente de recrutamento da Robert Walters, o setor de energias renováveis, assim como o de tecnologia, não foi afetado pela pandemia.
“As contratações continuam a todo vapor.” A maior demanda é para engenheiros com experiência na construção e na gestão de projetos. O mercado tem valorizado engenheiros com inglês fluente e disponibilidade para viagens corporativas.
Townsend afirma que faltam candidatos qualificados também para recursos humanos e todas as funções relacionadas à tendência de digitalização.
“Existem grandes oportunidades no mercado para diretores comerciais na indústria de varejo, por exemplo, se tiverem experiência em abrir novos canais digitais, e também para diretor de marketing com experiência em digitalizar a experiência do consumidor”, afirma. (UOL)