Antes de contar a história toda, é preciso responder à pergunta que está no título: é provável, mas ninguém pode cravar. Afinal, a Fifa não sabe. A Conmebol também não sabe. E a CBF não sabe. A análise é dos jornalistas Felipe Zito e Martín Fernandez.
O novo Mundial de Clubes não tem data definida para ser realizado pela primeira vez. E, justamente por isso, não tem critérios de classificação definidos. Portanto, é impossível assegurar a presença do Palmeiras (ou do Flamengo, campeão da Libertadores de 2019) em sua primeira edição.
Em março de 2019, a Fifa anunciou a criação de seu novo Mundial de Clubes, a ser disputado a cada quatro anos por 24 times.
A primeira edição seria em junho de 2021, e o novo torneio substituiria outros dois no calendário, que eram considerados fracassos de crítica, público e qualidade técnica: a Copa das Confederações e o velho (atual, na verdade) Mundial de Clubes, este do qual o Palmeiras foi eliminado pelo Tigres.
A ideia da Fifa era organizar o primeiro Novo Mundial de Clubes em junho de 2021, na China. A pandemia do coronavírus destruiu todos os planos.
Primeiro, a Copa América e a Euro, que seriam disputadas em junho/julho de 2020, foram adiadas por um ano. A Fifa cedeu a janela no calendário de 2021 para que as confederações sul-americana e europeia organizassem seus torneios de seleções. Assim, o Novo Mundial de Clubes ficou sem espaço.
Sem lugar em 2021, o Mundial poderia ser empurrado para 2022, mas é difícil que a Fifa tope organizar um Mundial de Clubes no mesmo ano de uma Copa do Mundo. O calendário vai continuar apertado: haverá pouco espaço para jogos entre seleções, a ponto de o sorteio dos grupos da Copa ter que ser realizado antes do fim das repescagens. Além disso, a ECA (Associação dos Clubes Europeus, na sigla em inglês) certamente vai reclamar do excesso de jogos.
O presidente da Fifa já admitiu publicamente que o Novo Mundial de Clubes talvez fique para 2023. Essa indefinição torna muito difícil prever quais serão os critérios de classificação que as confederações continentais vão escolher para definir seus representantes.
Pelo desenho atual do torneio, a Conmebol tem direito a seis vagas. Quem deve ir? Há infinitas combinações possíveis:
- os quatro campeões mais recentes da Libertadores (2022, 2021, 2020 e 2019), além dos dois campeões mais recentes da Sul-Americana (2022 e 2021)?
- E se houver campeões repetidos?
- E se um time ganhar os dois torneios nesse período, quem herdaria as vagas? Os vices?
- O ranking da Conmebol vai servir para algo?
No final de 2019, a Conmebol chegou a trabalhar na ideia de elaborar um campeonato específico que daria duas vagas ao Novo Mundial de Clubes da Fifa. O plano da confederação era enviar diretamente os dois campeões mais recentes da Libertadores e da Sul-Americana (que na época seriam os de 2020 e 2019) e reservar as duas vagas restantes para este novo torneio, que seria disputado por todos os campeões da história da Libertadores, obviamente excluídos os que já tivessem a vaga direta.
A ideia de uma Supercopa dos Campeões da Libertadores gerou reação imediata da CBF e da AFA, porque ocuparia ainda mais o calendário dos clubes. Os critérios de classificação para o Novo Mundial de Clubes da Fifa seriam discutidos para valer nas reuniões do Conselho da Fifa que seriam realizadas em março de 2020 no Paraguai.
A explosão da pandemia, assim como adiou a Euro e a Copa América, adiou para valer essa discussão. Não há como debater os critérios de classificação para um torneio que ainda não tem nem data marcada.
O Palmeiras se classificou para o Mundial de 2020 por ter vencido a Libertadores — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras
Dentro de toda essa indefinição, ainda existe uma disputa entre Fifa (que organiza o torneio) e Conmebol (que indica seus representantes): a entidade continental quer que a Copa Sul-Americana seja um caminho até o Novo Mundial de Clubes; enquanto a entidade com sede em Zurique prefere que todos os representantes da América do Sul venham da Copa Libertadores, que é o principal torneio, o que reúne mais qualidade técnica e apelo comercial.
Existe, por parte dos dirigentes envolvidos, a vontade de que Palmeiras e Flamengo estejam na primeira edição do torneio. Mas só será possível ter essa certeza quando o torneio tiver uma data, e quando Conmebol e Fifa se acertarem sobre os critérios de classificação.
No Palmeiras, o assunto gera uma expectativa natural, mas ainda é tratado com muita cautela. O cenário de indefinição de diversos lados faz o clube aguardar definições sobre a realização do torneio.
Para a edição de 2021 do Mundial de Clubes da Fifa, o formato atual da competição será repetido, com apenas um representante sul-americano, o campeão da Libertadores, e o torneio será disputado no Japão, em dezembro. (Globo Esporte)